A Tesla está em modo emergência.
Com estoques lotados da Cybertruck e vendas abaixo do esperado, a montadora de Elon Musk anunciou nesta semana uma medida extrema.
O financiamento é com juros zero para a picape elétrica, desde que o comprador leve junto o controverso pacote Full Self-Driving, o famoso FSD, que custa US$ 8.000.
Essa manobra equivale, na prática, a um desconto de cerca de US$ 10.000 por unidade — ou mais de R$ 50 mil.
A promoção, no entanto, é válida somente até 30 de junho, numa clara tentativa de limpar os pátios antes do fechamento do trimestre fiscal.
Quando o modelo foi apresentado em 2019, a expectativa era gigantesca. Tesla divulgou ter mais de 1 milhão de reservas para a Cybertruck. Mas a empolgação se transformou em frustração.
Quando finalmente chegou às ruas em 2023, o modelo custava quase o dobro do prometido e entregava menos autonomia do que o esperado.
A recepção fria derrubou as projeções de produção: a fábrica no Texas, que foi planejada para fazer até meio milhão de unidades por ano, mal conseguiu entregar 40 mil unidades no primeiro ano.
Em 2025, o cenário ficou ainda pior. As entregas caíram, os pátios encheram, e a produção precisou ser reduzida.
Os estoques da Cybertruck nos EUA já passam de 3.700 unidades, o que representa mais de US$ 300 milhões em veículos parados.
Para tentar virar o jogo, a Tesla agora subsidia o financiamento da picape, desde que o comprador leve o pacote FSD — justamente o sistema de direção autônoma que enfrenta críticas severas e atrasos constantes.
A empresa praticamente abandonou o Autopilot na Cybertruck, e empurra os consumidores para o pacote mais caro, mesmo sem entregar um sistema verdadeiramente autônomo.
Internamente, isso custa caro.
Com preços girando em torno de US$ 88.000 por unidade (Cybertruck Dual Motor com FSD), a Tesla perde aproximadamente US$ 10 mil por carro apenas para bancar o juro zero — um esforço bilionário que mostra o tamanho da crise no projeto.
A situação da Tesla é sintomática de um momento delicado para a marca.
De líder incontestável em tecnologia de baterias e produção global, a empresa passou a lidar com fábricas ociosas, projetos emperrados e concorrência agressiva de rivais que avançam no desenvolvimento de veículos autônomos.
O fracasso da Cybertruck, que deveria ser um símbolo do futuro, virou um lembrete amargo de que a Tesla pode estar mais próxima de um declínio à la BlackBerry do que de uma nova revolução.
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