
Quase todo carro novo hoje traz um painel dominado por telas.
Telonas no centro, telinhas no quadro de instrumentos, tudo controlado por toques, swipes e menus que mais parecem um smartphone em versão automotiva.
Mas como chegamos aqui? Quem pediu isso? E por que é tão difícil voltar atrás? A resposta, como quase sempre na indústria, é simples: dinheiro.
A história começa nos anos 80, quando a Buick colocou o primeiro touchscreen da história em um carro — o Riviera de 1986.
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Era um tubo CRT que controlava rádio e ar-condicionado, mas foi rejeitado pelos motoristas por ser confuso e à frente do seu tempo.

Durante os anos 90, os botões dominaram os painéis, até que a tecnologia amadureceu e as telas voltaram discretamente.
O ponto de virada veio com o iDrive da BMW em 2001 e, principalmente, com a chegada dos sistemas de navegação por GPS e câmeras de ré — que exigiam telas nos carros.
A grande explosão aconteceu a partir de 2007, quando a Apple lançou o iPhone e redefiniu a forma como interagimos com tecnologia.
À medida que o custo de produção das telas caía vertiginosamente, montadoras perceberam que era mais barato colocar uma tela programável do que dezenas de botões físicos diferentes.
A crise econômica de 2008 acelerou essa transição: com menos dinheiro e mais pressão para cortar custos, os botões começaram a desaparecer.

Já em 2012, o Tesla Model S mostrava um painel quase sem botões, com uma enorme tela vertical de 17 polegadas, vendida como o futuro do automóvel.
Montadoras correram para imitar — não o trem de força elétrico, mas a tela gigante.
Enquanto isso, Apple CarPlay e Android Auto surgiram em 2015 e convenceram os céticos: se a tela só refletisse seu celular, tudo bem. Mas com o tempo, as montadoras viram outra oportunidade.
Quando tudo vira software, você pode cobrar por recursos que antes eram padrão.
Banco aquecido? Assinatura mensal. Modo esportivo? Pago. Head-up display? Liberado via app.

Essa lógica levou à explosão de telas — maiores, mais numerosas, mais complexas.
Surgiram telas para o passageiro da frente, comandos de ar digitalizados, até difusores de ar controlados por toque, como no Porsche Taycan.
Só que enquanto a tecnologia avançava, o incômodo também crescia.
Pesquisas mostram que os motoristas sentem falta dos botões: são mais rápidos, mais seguros, mais intuitivos — especialmente com o carro em movimento.
E, aos poucos, algumas montadoras começam a voltar atrás. A Hyundai reintroduziu botões físicos no Ioniq 5.
A Volkswagen prometeu abandonar os comandos sensíveis ao toque em futuros modelos.
Ferrari, Audi, Genesis, Mercedes, Subaru — todos já deram sinais de que os botões não vão desaparecer completamente.
Ainda assim, a realidade é que as telas vieram para ficar.
São mais baratas, mais versáteis, facilitam a produção global e abrem portas para cobrar por recursos digitais.
Mas talvez exista uma última fronteira de resistência: o painel de instrumentos.
Até marcas como Bugatti defendem o cluster analógico como um elemento de identidade e admiração.
Afinal, nada substitui o impacto de um velocímetro real marcando 320 km/h num superesportivo parado na rua.
No fim, as telas não invadiram os carros porque eram melhores — mas porque eram mais lucrativas.
E enquanto as montadoras fingem te vender o futuro, você continua tentando mudar o ar-condicionado em movimento… e errando o toque por causa de um buraco na pista.
Bem-vindo à era dos carros com rosto de smartphone. Só não se esqueça: botão bom é botão que você sente.
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