
Mesmo com a leve recuperação do mercado de carros usados nos Estados Unidos, os veículos da Tesla estão indo na direção contrária — e em alta velocidade.
A marca de Elon Musk, que já foi símbolo de inovação e status no mundo dos elétricos, agora sofre um processo de desvalorização tão rápido que está causando alarme entre revendedores e donos de veículos da marca.
Enquanto o índice da CarGurus mostra que o preço médio dos carros usados subiu 2,17% nos últimos 30 dias nos EUA, os Teslas usados caíram 1,34% no mesmo período.
A diferença não é pequena e acende o alerta: há um colapso silencioso acontecendo no valor de revenda dos modelos da fabricante.
Em parte, isso se deve à enxurrada de Teslas usados sendo colocados à venda. Há uma onda de proprietários querendo se desvincular da marca, cada vez mais associada à figura polêmica de Elon Musk e suas opiniões políticas polarizadoras.

O impacto é tão grande que revendedores estão começando a evitar comprar Teslas, temendo não conseguir revendê-los a tempo antes de uma nova queda de valor.
Em Quebec, no Canadá, o jornal Le Journal de Montréal relatou que diversos modelos da Tesla foram leiloados recentemente por menos da metade do preço que atingiam há pouco mais de um ano.
Um dos revendedores ouvidos pela publicação, Éric Piuze, resumiu o cenário de forma direta: “As pessoas não querem mais. O efeito Elon Musk é muito real em Quebec”.
Além disso, o mercado está sentindo os reflexos de compras impulsivas feitas durante a pandemia.
Segundo Piuze, muitos compradores chegaram a refinanciar suas casas para adquirir um Tesla — hoje, eles enfrentam dificuldades para honrar as parcelas de veículos que já perderam valor de mercado de forma significativa.
Os calotes estão em alta, e os carros estão voltando para as concessionárias com dívidas ainda atreladas.
Em 2022, o preço médio de um Tesla usado chegou a ultrapassar US$ 60 mil. Hoje, os mesmos modelos valem uma fração disso — mas os financiamentos continuam com parcelas altas, criando um abismo entre o valor de mercado e o valor devido.
A Tesla, que já chegou a dominar mais de 70% do mercado de elétricos na Califórnia, agora perdeu sua maioria, com apenas 43,9% de participação no primeiro trimestre de 2025.
A queda não é apenas numérica, mas simbólica: o monopólio acabou, a imagem de marca está manchada e a concorrência finalmente oferece produtos de qualidade a preços competitivos.
Se há um lado positivo nesse movimento, é que muitos dos donos que vendem seus Teslas estão migrando para outros EVs, fortalecendo o mercado elétrico como um todo.
Mas a lição está dada: o valor de uma marca não se sustenta apenas em inovação tecnológica, mas também na confiança do consumidor — e essa, a Tesla está perdendo rápido.

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