
Um acordo que prometia transformar uma empresa familiar da Coreia do Sul em potência global acabou se tornando um pesadelo financeiro.
A fornecedora de cátodos L&F Co., que chegou a anunciar em 2023 um contrato de US$ 2,9 bilhões (cerca de R$ 15,9 bilhões) com a Tesla, revelou nesta segunda-feira que o valor foi reavaliado para apenas US$ 7.386 — o equivalente a R$ 40 mil.
O anúncio marca uma queda de 99% no valor do contrato e representa mais um golpe em meio à desaceleração global do mercado de veículos elétricos.
Desde o auge em 2023, as ações da L&F caíram mais de 70%, e a fortuna da família do CEO Hur Jae-hong despencou de mais de US$ 800 milhões (R$ 4,4 bilhões) para cerca de US$ 134 milhões (R$ 737 milhões), segundo o Bloomberg Billionaires Index.
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O contrato era visto como um divisor de águas para a L&F, que passaria a fornecer diretamente para a Tesla — mais especificamente para o polêmico Cybertruck.
Mas os atrasos no modelo, somados à demanda abaixo do esperado, frustraram as projeções e esvaziaram o pedido.
Analistas da KB Securities apontam que a L&F provavelmente já não fornece cátodos para a Tesla desde 2024, pois o pedido estava vinculado a versões específicas do Cybertruck.
Embora o impacto prático da revisão seja pequeno — já que o mercado não contava mais com esse volume nas previsões —, o efeito simbólico é enorme.
A L&F ainda mantém sua principal fonte de receita: o fornecimento de cátodos de níquel de alta concentração para a Tesla, de forma indireta, via LG Energy Solution.
Essa parceria representa cerca de 80% das vendas da empresa e inclui modelos de grande volume como o Model Y.
Apesar disso, a empresa sofre com a estagnação de sua estratégia de diversificação.
Um dos planos era reduzir a dependência da LG para 50% até 2025, com apoio de novos contratos como o da Tesla e de uma parceria firmada em 2021 com a Redwood Materials, startup de reciclagem comandada pelo ex-diretor técnico da Tesla, JB Straubel.
Agora, com o colapso do contrato, essa meta parece distante.
Ainda assim, há perspectivas de recuperação.
Segundo a analista Anna Lee, da Yuanta Securities Korea, a L&F deve iniciar produção em larga escala para a Rivian em 2026, após ter fechado um contrato com a startup americana em março deste ano.
A empresa sul-coreana também fornece cátodos de níquel médio para a SK On, usados nas baterias de veículos da Hyundai.
Apesar do baque na confiança dos investidores, o setor pode ganhar novo fôlego em 2026, impulsionado pela crescente demanda por sistemas de armazenamento de energia voltados a data centers de inteligência artificial.
Por enquanto, a reviravolta com a Tesla deixa um alerta para fornecedores que apostam pesado em contratos concentrados em poucos clientes — especialmente quando o futuro do produto, como o Cybertruck, ainda é incerto.
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