Quando a Volvo apresentou o EX90, prometeu que ele seria o carro mais seguro que a marca já produziu — uma declaração ousada vinda da criadora do cinto de três pontos e da cadeirinha infantil virada para trás.
No centro dessa promessa estava o sensor LiDAR, uma tecnologia desenvolvida em parceria com a norte-americana Luminar, capaz de mapear o ambiente com precisão em qualquer condição de luz, e que poderia reduzir em até 20% os acidentes graves.
Mas quem procurar essa tecnologia no EX90 2026 não vai encontrá-la. A Volvo decidiu retirar o LiDAR da versão mais recente do SUV elétrico e romper sua parceria com a Luminar.
Segundo comunicado da montadora, a decisão foi tomada para reduzir riscos na cadeia de suprimentos após a Luminar não cumprir obrigações contratuais. A empresa norte-americana, especializada exclusivamente em sensores LiDAR, enfrenta uma crise interna.
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Além de demitir 25% da equipe recentemente, a Luminar está sob investigação da SEC, órgão regulador do mercado financeiro nos EUA, e seu fundador renunciou após uma apuração ética.
Em um comunicado à SEC, a própria Luminar revelou que a Volvo havia deixado de considerar o sensor Iris como equipamento de série e adiou a decisão sobre futuras gerações para 2029 — o que levou a empresa a suspender pagamentos aos seus próprios fornecedores.
O sensor LiDAR era um dos destaques visuais do EX90, identificado facilmente pela “bolha” no teto, semelhante ao de um táxi londrino. Agora, o design ficará mais limpo, mas à custa de uma promessa de segurança que não se concretizou.
Apesar disso, o EX90 2026 recebeu melhorias técnicas. A principal delas é o novo computador central com arquitetura Nvidia Drive AGX Orin, que promete maior poder de processamento para recursos de segurança, entretenimento e gerenciamento de bateria.
Segundo a Volvo, a nova central de comando permitirá atualizações contínuas via internet, com foco em inteligência artificial e aprendizado de máquina para aprimorar o comportamento do carro ao longo do tempo.
Entre as novidades práticas estão o assistente de parada de emergência, capaz de frear o veículo e chamar socorro se o motorista estiver inativo, e melhorias nos sistemas de estacionamento automático e desvio de obstáculos.
O EX90 segue com tração integral, motor de 449 cv e torque de 67,8 kgfm, com consumo equivalente a até 81 mpge (cerca de 34 km/l no padrão elétrico). A bateria continua sendo de íons de lítio, sem mudanças no conjunto mecânico.
Com preço base de US$ 84.345 (cerca de R$ 420 mil), o modelo mantém sua proposta como SUV elétrico premium, mas a ausência do LiDAR pode afetar sua atratividade para quem buscava tecnologia de condução autônoma avançada.
A decisão mostra como até mesmo montadoras tradicionais enfrentam obstáculos ao tentar integrar tecnologias emergentes em seus veículos. Para a Volvo, a segurança continua sendo prioridade — mas o caminho até lá pode ser mais turbulento do que o previsto.
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