Imagine ligar seu carro, tirar o pé de todos os pedais e perceber que ele começa a se mover, ganhando velocidade lentamente enquanto o painel pisca mensagens enigmáticas.
Foi exatamente o que aconteceu com um Dodge Charger Daytona utilizado em testes de longa duração pelo site Edmunds. O caso chamou atenção e gerou alvoroço nas redes sociais, levantando suspeitas de falha grave.
Mas a explicação da montadora pegou todo mundo de surpresa: segundo a Stellantis, o veículo estava apenas ativando um recurso de segurança chamado “Drive by Brake”.
A situação, que à primeira vista parecia ser um exemplo clássico de aceleração não intencional, virou uma confusão de interpretações.
O motorista do Charger relatou que, mesmo sem tocar nos pedais, o carro acelerava de forma constante, ganhando cerca de 1 km/h por segundo.
Apesar disso, os freios funcionavam normalmente, permitindo parar o veículo. Ainda assim, a sensação de não estar no controle preocupou.
A Stellantis, dona da Dodge, afirmou que o sistema é ativado quando o carro detecta um problema no pedal do acelerador.
O “Drive by Brake” entra em ação para garantir que o veículo não fique parado em locais perigosos, como uma faixa de alta velocidade. A função injeta torque suficiente para manter o carro em movimento, mas de forma lenta e segura.
Segundo a empresa, trata-se de uma funcionalidade presente não apenas em EVs como o Charger Daytona, mas também em modelos a combustão e híbridos vendidos na América do Norte.
Porém, há um detalhe que incomodou muitos motoristas e especialistas: a comunicação da montadora com o usuário. Nenhum aviso claro aparece explicando o que está acontecendo.
Em vez disso, o painel mostra alertas genéricos como “Service Engine Soon” ou “Service Propulsion System”, acompanhados de símbolos como uma tartaruga ou uma chave inglesa.
Para o motorista comum, nada disso esclarece que o carro irá se mover por conta própria.
Outro ponto que gerou críticas foi a falta de transparência sobre os modelos que utilizam esse recurso. Quando questionada, a Stellantis se limitou a dizer que vários veículos das marcas do grupo contam com o “Drive by Brake”, mas não informou quais.
Também não há registro de qualquer material de marketing ou documentação voltada ao consumidor que explique o sistema.
A fabricante ainda revelou que desligar e religar o carro pode resolver o “problema”, pois o sistema faz uma nova checagem de falhas a cada partida.
Se não houver mais erro detectado, o veículo volta a operar normalmente. A lógica até faz sentido, mas o procedimento lembra mais um truque de informática do que um comportamento esperado de um automóvel.
A verdade é que o Charger não estava virando um rebelde, mas sim seguindo uma programação pensada para situações específicas.
Ainda assim, fica o alerta: um recurso que altera o comportamento do carro de forma tão drástica precisa ser claramente comunicado ao condutor.
Afinal, ninguém deveria descobrir como ele funciona só depois que o carro começa a andar sozinho.
Se a Stellantis pretende manter esse sistema em sua linha de veículos, talvez seja hora de tirá-lo do rodapé dos manuais e explicar, com todas as letras, o que ele faz e por que existe.
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