
Na teoria, os veículos elétricos seriam o par perfeito para o mercado de ultra-luxo: suaves, silenciosos e com torque instantâneo, entregam exatamente o que marcas como Rolls-Royce, Bentley e Maybach sempre prometeram.
Na prática, porém, o primeiro Rolls-Royce elétrico já virou um mico no mercado de seminovos — mesmo com todo o prestígio da marca e a sofisticação extrema do modelo.
O Spectre, um coupé 100% elétrico apresentado como a nova referência da marca britânica, já acumula descontos de até US$ 158 mil (cerca de R$ 850 mil) nos EUA com menos de 4 mil km rodados.
Um exemplar vendido originalmente por US$ 543 mil está anunciado hoje por US$ 385 mil em uma concessionária Rolls-Royce em Boston.
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Outro, com apenas 2.100 milhas (3.380 km), também teve mais de US$ 130 mil de redução no preço em pouco mais de um ano.
Houve ainda uma unidade com apenas 99 milhas (159 km) oferecida em leilão que nem sequer atingiu o valor mínimo de venda.
O cenário indica que, mesmo com design elegante, acabamento impecável e silêncio absoluto na cabine, o Spectre ainda não convenceu o público-alvo.
Para um cliente que não se preocupa com autonomia, tem garagem com carregador próprio e mais de um carro na coleção, a lógica apontava para um sucesso absoluto.

Mas algo parece estar travando a aceitação do Spectre — e talvez dos EVs de luxo como um todo.
Uma possível explicação está no fator emocional: muitos compradores de alto padrão ainda valorizam o ronco de um V12, a herança mecânica e o ritual da combustão.
Carros como o Spectre podem até entregar mais desempenho, mas não oferecem o “teatro” que justifica um investimento de mais de R$ 3 milhões.
Há também a resistência à transição tecnológica: mesmo no topo da pirâmide, há quem desconfie da durabilidade, dos softwares e do futuro valor de revenda dos elétricos.

Infraestrutura pode não ser um problema para quem tem mansões com wallbox e acesso VIP, mas o fator “tradição” ainda pesa — especialmente em marcas centenárias como a Rolls-Royce.
Outro ponto importante é a rapidez com que novas tecnologias se tornam obsoletas no mercado de EVs, o que pode acelerar ainda mais a perda de valor desses modelos.
Enquanto isso, modelos com motor a combustão, mesmo os mais antigos, seguem sendo valorizados como peças de colecionador ou símbolos de uma era prestes a acabar.
No caso do Spectre, a mensagem parece clara: o luxo silencioso ainda precisa conquistar corações antes de justificar cifras tão barulhentas.
Se nem o público mais rico se sente pronto para abrir mão do motor a gasolina, o futuro dos elétricos de alto luxo pode ser mais turbulento do que se imaginava.
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