
Se você também já está cansado de ver o feed das suas redes sociais lotada de imagens surreais de carros criados por inteligência artificial, os chamados renders, ou projeções, ou sabe-se lá o que, saiba que até os grandes nomes da indústria automotiva estão perdendo a paciência.
Gorden Wagener, chefe de design da Mercedes-Benz, não escondeu sua frustração com o fenômeno dos renders gerados por IA, que têm invadido as redes sociais com criações exageradas, irreais e, segundo ele, visualmente desastrosas.
Durante uma conversa com jornalistas no Salão de Mobilidade de Munique (IAA Mobility), na Alemanha, incluíndo repórteres do Jalopnik, Wagener foi direto ao ponto: para ele, a inteligência artificial ainda está longe de entregar qualquer valor real no design automotivo.
Embora a Mercedes já utilize IA para criar fundos de imagens e alguns elementos auxiliares, os resultados no campo criativo não empolgam.
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“Ela não gera bons resultados”, afirmou o designer com mais de 25 anos de casa. “99% são soluções feias, esquisitas ou sem qualquer identidade de marca. E sim, há 1% de coisas interessantes.”
Mas o que realmente incomoda Wagener não é apenas a baixa qualidade das imagens, mas o impacto que esse conteúdo está tendo na percepção do público sobre os carros-conceito reais.
Segundo ele, o excesso de renders exagerados nas redes sociais banalizou a ideia de espetáculo visual, tirando o impacto que os veículos conceito costumavam causar em eventos automotivos.
“Você vai passando pelo Instagram e pensa: lá vem outro. Cansa, sabe? Você só vê mais do mesmo”, desabafou.
Para ele, a enxurrada de imagens fantasiosas dificulta que projetos reais, mesmo arrojados, consigam se destacar nos salões. “Essas coisas geradas por IA estão começando a irritar de verdade.”
Wagener acredita que, justamente por isso, a Mercedes tem se apoiado mais em suas raízes de design, buscando equilíbrio entre modernidade e herança estética.
Um exemplo disso seria a grade do novo GLC elétrico, que se destaca sem apelar para exageros ou artifícios visuais típicos de conceitos fictícios criados por algoritmos.
Por mais que a IA prometa revolucionar diversos setores, o design automotivo ainda parece ser um território dominado pela intuição, sensibilidade e repertório humano.
Para Wagener, a falta de alma nas criações da IA impede que ela realmente contribua de maneira significativa. “Ela não cria nada original de verdade. Só imita, mistura, exagera.”
Enquanto a tecnologia segue tentando se provar no universo do design de veículos, a mensagem do chefão da Mercedes é clara: o bom e velho talento humano ainda não encontrou concorrência à altura — e os feeds lotados de carros impossíveis só reforçam isso.
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