A IA é uma daquelas coisas que são vendidas como sendo a solução de todos os nossos problemas, mas na realidade acabam não servindo para tanta coisa assim.
Só porque ela consegue roubar o conteúdo de vários sites na internet (igual o Google) e te responder uma pergunta simples, isso não faz dela capaz de criar o próximo modelo de uma montadora internacional, não é mesmo?
O Diretor Global de Design da Mercedes-Benz, Gorden Wagener, não acredita que a IA já tenha chegado lá, mas em uma entrevista à ABC, ele disse que ela fará a maior parte do design de veículos e deslocará a maioria das pessoas reais e qualificadas envolvidas em 10 anos.
“Trabalhamos com IA agora,” explicou Wagener. “Você obtém 99% de porcaria com IA e pura quantidade. Esse é o maior problema—separar as coisas boas das ruins. Mas você obtém 1% de coisa boa e continuamos aprendendo. Está melhorando a cada dia.
“A IA mudará drasticamente a maneira como projetamos. Acho que em 10 anos talvez a maior parte do design será feita por IA e isso tornará os designers obsoletos. Meu sucessor será uma máquina e será muito mais barato que meu salário [risos].”
Brincadeiras à parte, como isso pode ser?
Como a IA generativa, que ainda estraga comandos simples e transforma textos escritos por um humano em uma bagunça embaralhada, pode possivelmente criar um veículo que alguém desejaria gastar bastante dinheiro?
Acredito que a resposta está na citação de Wagener: pura quantidade.
Pode não ser a tática mais eficiente, mas dizer a um robô para simplesmente fazê-lo novamente até conseguir algo certo provavelmente seria menos custoso do que contratar alguém com diploma.
Mas só porque poderia ser mais barato para a Mercedes ou qualquer outra montadora, obviamente não significa que é melhor no final.
Curiosamente, as palavras de Wagener vão contra o que o chefe de design da Maserati, Klaus Busse, nos disse no ano passado. Ele admitiu que “com IA, posso literalmente projetar 50 Maseratis enquanto tomo um espresso”, mas não é a solução definitiva.
“Até hoje, a IA não está vendo o futuro, é apenas um espelho de tudo que pode encontrar na internet,” acrescentou Busse. “É uma medida de todas as coisas criadas anteriormente enquanto adiciona um certo grau de probabilidade para apresentar coisas que eu possa gostar.”
“Então sim, estamos usando IA para certas ferramentas, mas não acho que a IA seja a solução,” ele continuou. “É apenas mais uma ferramenta e, assim como outras técnicas usadas no design de carros, requer um grau extremo de autocuração.”
Talvez os humanos ainda possam cuidar da parte de curadoria… até que a IA possa fazer isso também.
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