Enquanto a Tesla anuncia grandes avanços com o lançamento de um serviço de transporte autônomo que promete revolucionar o setor, dois membros do conselho próximos de Elon Musk decidiram fazer o caminho oposto.
Eles venderam juntos quase 200 milhões de dólares em ações da empresa, o equivalente a cerca de R$ 1,1 bilhão.
Entre os nomes envolvidos está Ira Ehrenpreis, amigo de longa data de Musk e integrante do conselho da Tesla há quase duas décadas.
Ele alienou mais de 477 mil ações, acumulando US$ 162 milhões com a operação.
Coincidentemente (ou não), seu mandato no conselho está prestes a terminar este ano, após um histórico marcado por decisões polêmicas — incluindo sua participação no comitê que aprovou o controverso pacote de compensação de US$ 55 bilhões concedido a Elon Musk em 2018.
Quem também aproveitou para realizar lucro foi Kimbal Musk, irmão de Elon e igualmente membro do conselho da montadora. Ele vendeu 91.588 ações, totalizando US$ 32 milhões.
Os dois se juntam à presidente do conselho, Robyn Denholm, que já vinha liquidando suas ações nas últimas semanas.
Apesar de algumas dessas vendas estarem dentro de planos de negociação pré-aprovados, a falta de transparência em relação aos detalhes desses planos levanta questionamentos.
Especialmente porque, no caso de Ehrenpreis, o plano teria sido aprovado em dezembro de 2024, pouco depois de um aumento abrupto no valor das ações, motivado pela eleição de Donald Trump.
Para críticos e analistas do setor, o momento das vendas é, no mínimo, curioso.
O tão aguardado serviço de transporte autônomo da Tesla — os chamados robo táxis — está programado para começar a operar em Austin no próximo mês, em uma iniciativa que Elon Musk garante que marcará uma nova era de crescimento para a empresa.
Mas, nos bastidores, até órgãos reguladores como o Departamento de Transporte do Texas apontam para a ausência de documentação necessária por parte da Tesla, o que coloca em dúvida o cumprimento da promessa.
A leitura de mercado é clara: há sinais de que os próprios diretores da empresa não estão confiando no sucesso da empreitada.
Isso se soma a uma série de críticas sobre promessas não cumpridas envolvendo a tecnologia de direção autônoma, o que pode acarretar sérios riscos jurídicos e regulatórios para a companhia.
Ao que tudo indica, a Tesla tenta manter a narrativa de inovação e crescimento, mas os bastidores revelam um clima de desconfiança interna — e a debandada milionária dos conselheiros reforça essa percepção.
Se o futuro da mobilidade realmente passa pelos robo táxis da Tesla, os próprios líderes da empresa parecem preferir assisti-lo de fora.
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