Seis anos depois do lançamento do trio hiperesportivo LaFerrari, McLaren P1 e Porsche 918 Spyder, a Ferrari apresentou ao mundo o SF90, um supercarro híbrido com tração integral, três motores elétricos e um V8 biturbo de 4.0 litros.
Mais potente que o próprio LaFerrari e custando cerca de um terço do preço, o modelo parecia a fórmula ideal para dominar o mercado. Só parecia.
O que tem acontecido recentemente com o SF90 é o oposto do prestígio duradouro de seu antecessor. Enquanto o LaFerrari só valoriza com o tempo, os preços do SF90 estão despencando de forma vertiginosa, e não estamos falando de modelos usados com alto desgaste.
Um caso recente envolvendo um SF90 Spider 2024 com apenas 315 quilômetros rodados chamou atenção: o carro, que custou originalmente mais de US$ 700 mil (cerca de R$ 3,88 milhões), foi vendido por US$ 570 mil (aproximadamente R$ 3,1 milhões).
A versão em questão estava longe de ser básica.
Com uma lista de opcionais digna de deixar qualquer entusiasta boquiaberto, o modelo trazia o pacote Assetto Fiorano — que sozinho custa US$ 56.240 (o preço de um Mustang GT bem equipado) — além de detalhes como entradas de ar em fibra de carbono (US$ 3.712), pinças de freio em alumínio prateado (US$ 1.519), acabamento interno em carbono (US$ 6.750) e rodas forjadas de 20 polegadas.
Apesar de toda a exclusividade, o SF90 terminou anunciado na plataforma Bring a Trailer e, mesmo com um visual elegante na cor Argento Nurburgring, os lances não empolgaram.
O maior lance chegou a US$ 540 mil, abaixo do valor de reserva. Após negociação, o comprador topou pagar US$ 570 mil, o que representa uma perda de US$ 131 mil em comparação ao valor original.
Para cada quilômetro rodado, o carro perdeu mais de US$ 400 em valor — ou seja, aproximadamente R$ 2.200 por quilômetro.
Para quem vive no mundo dos supercarros e enxerga essas máquinas como troféus de coleção, a depreciação pode não causar insônia. Mas para o mercado como um todo, o caso do SF90 acende um alerta: nem toda Ferrari é garantia de valorização.
A combinação entre produção maior, avanço rápido da tecnologia híbrida e o momento econômico instável pode estar impactando até os modelos mais exclusivos.
A situação do SF90 mostra que, mesmo em um universo onde o luxo é regra e o dinheiro parece ilimitado, há espaço para decepções financeiras.
E que até mesmo uma obra-prima da engenharia pode virar, em pouco tempo, um prejuízo de seis dígitos.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!
