
Um proprietário de um Toyota RAV4 na Flórida está levando a montadora japonesa à Justiça após descobrir que sua dirigibilidade estava sendo monitorada e os dados enviados a uma seguradora — sem seu conhecimento.
O caso, que ganhou tração nesta semana, pode se transformar em uma ação coletiva com consequências potencialmente sérias para a Toyota e outras fabricantes envolvidas em práticas semelhantes.
Philip Siefke, morador da cidade de Eagle Lake, afirma que sua experiência começou de forma surpreendente.
Em janeiro, ao tentar contratar um seguro pela Progressive, optou por não participar do programa de compartilhamento de dados durante o processo de adesão online.

No entanto, uma janela pop-up apareceu informando que a empresa já possuía registros detalhados da sua condução, datados até 20 de janeiro de 2025.
Ao entrar em contato com a seguradora, Siefke foi informado de que os dados haviam sido enviados pela Toyota.
Em busca de esclarecimentos, ele ligou para a montadora, que confirmou que os dados vinham de um sistema de telemetria instalado no seu Toyota RAV4 XLE 2021, adquirido em março de 2021.
Segundo a própria Toyota, Siefke teria aderido a um programa de teste que incluía o compartilhamento de dados com terceiros.

O problema? Ele afirma nunca ter sido informado que essas informações seriam vendidas para seguradoras.
Esse tipo de sistema, presente na maioria dos modelos Toyota fabricados a partir de 2018, é capaz de monitorar uma variedade de parâmetros do veículo e do comportamento do motorista, incluindo localização, velocidade, nível de combustível, quilometragem, pressão dos pneus, posição dos vidros e uso do cinto de segurança.
Siefke alega que o acesso a esses dados pode impactar diretamente o valor do seguro do motorista — não apenas oferecendo descontos a condutores considerados “cuidadosos”, mas também penalizando os que dirigem de forma mais agressiva, com aumentos automáticos nos prêmios sem qualquer aviso.
O processo, movido no Texas, busca agora se tornar uma ação coletiva para representar milhares de outros proprietários de veículos Toyota que podem ter tido seus dados compartilhados sem consentimento explícito.

Ele menciona ainda a participação da empresa Connected Analytic Services, parceira tecnológica da montadora, no fornecimento dessas informações.
A ação surge em meio a uma crescente pressão sobre fabricantes automotivos que, nos últimos meses, vêm sendo acusados de vender dados de condução a seguradoras.
No início deste ano, o procurador-geral do Texas, Ken Paxton, abriu investigações contra Toyota, Ford, Hyundai e FCA, alegando práticas enganosas e violação da privacidade dos consumidores.
Caso Siefke obtenha o que deseja e leve a questão a julgamento com júri popular, o processo pode abrir precedentes não só contra a Toyota, mas contra toda a indústria automotiva que está apostando em modelos conectados — muitas vezes à custa da privacidade do motorista.

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