Quem algum dia pensou em comprar um carro elétrico, certamente ficou com medo de ter que gastar dezenas de milhares de reais em uma troca de bateria — que, em alguns modelos, pode custar quase tanto quanto o próprio veículo — ainda afasta muitos consumidores.
Por isso, o caso de Lee Young-Heum e seu Hyundai Ioniq 5 está chamando tanta atenção.
Em apenas 2 anos e 9 meses, Lee percorreu incríveis 580 mil quilômetros com seu Ioniq 5 — o equivalente a uma viagem da Terra à Lua e ainda sobrariam quilômetros para dar algumas voltas na órbita.
O mais impressionante? Mesmo com essa quilometragem absurda, a bateria do carro ainda mantinha 87,7% de sua capacidade original.
Publicamos sobre este caso no final de março, mas na época não se sabia de quem era o carro, e sim apenas que o dono tinha postado as informações no Facebook.
A Hyundai-Kia Research Institute decidiu investigar o desempenho do conjunto mecânico do carro.
Embora Lee nunca tenha reportado nenhum defeito significativo, a marca trocou gratuitamente o motor elétrico e a bateria do veículo para analisar os componentes antigos com mais profundidade.
Segundo a empresa, essa foi a unidade de Ioniq 5 com a maior quilometragem já registrada até hoje.
Além disso, Lee usava o veículo para trabalhar como vendedor itinerante e fazia praticamente todas as recargas em carregadores rápidos — um tipo de recarga que é notoriamente mais desgastante para as células da bateria.
Ainda assim, o sistema mostrou uma resistência surpreendente, desafiando previsões pessimistas sobre a longevidade de carros elétricos em uso intensivo.
Yoon Dal-Young, da Hyundai, explicou que a análise é essencial para validar os modelos preditivos de durabilidade da marca.
“Quando desenvolvemos uma bateria, precisamos comparar os modelos preditivos com resultados reais. Por isso, procuramos veículos com alta quilometragem entre os clientes para análise,” disse ele. Normalmente, esses testes são feitos com táxis, mas o Ioniq de Lee ofereceu uma oportunidade única.
Em termos de manutenção, a diferença para um carro a combustão também foi gritante.
Quando usava um modelo a gasolina, Lee precisava trocar o óleo a cada 15 dias. Mesmo com esse cuidado, ainda precisava substituir peças do motor e da transmissão com frequência. No Ioniq 5, ele trocou apenas itens básicos de desgaste.
De acordo com estimativas da Hyundai, rodar os mesmos 660 mil quilômetros com um Tucson 1.6 turbo teria gerado uma despesa de até R$ 47 mil apenas com manutenção — entre trocas de óleo, velas, fluido de freio e fluido de câmbio.
Já no elétrico, a manutenção teria custado apenas cerca de R$ 5,5 mil.
E a economia não para por aí. O custo com combustível teria sido de aproximadamente R$ 314 mil com um Tucson, contra R$ 196 mil em energia elétrica para carregar o Ioniq 5.
Resultado? Uma economia de quase R$ 120 mil só em abastecimento.
Mesmo após todo esse tempo, o carro continua rodando e já passou dos 671 mil quilômetros.
A única falha relevante foi o carregador de bordo, que parou de funcionar depois de 650 mil quilômetros, algo considerado uma “morte natural” para o componente. Fora isso, o Ioniq 5 se mostrou incrivelmente confiável.
Agora, com um novo emprego, Lee finalmente vai reduzir a quilometragem.
Mas seu caso já serve como referência valiosa para o setor automotivo: mostra que, sim, carros elétricos podem ter vida longa — e muito mais barata do que se imaginava.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!
