
Esquecer documentos pode parecer um deslize banal — até que isso custe mais de R$ 144 milhões.
É exatamente o que está acontecendo com um homem no Canadá, que está sendo responsabilizado por exportar milhares de veículos usados para a África Ocidental sem cumprir os requisitos legais mínimos exigidos pelas autoridades do país.
Segundo a Agência de Serviços de Fronteiras do Canadá (CBSA), ele simplesmente ignorou todas as declarações de exportação obrigatórias previstas na lei aduaneira.
A investigação revelou que, ao longo de vários anos, mais de 2.300 veículos foram embarcados do Canadá para o continente africano, sem qualquer registro oficial das operações.
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O caso foi descoberto inicialmente por investigadores da CBSA em Halifax, Nova Escócia, em 2021, e levou a uma apuração minuciosa ao longo de mais de dois anos.
Em julho de 2023, agentes executaram dois mandados de busca na cidade de London, na província de Ontário.
Durante as buscas, foram apreendidos documentos comerciais, registros financeiros, títulos de veículos, comprovantes de venda, além de celulares, cartões SIM e outros dispositivos eletrônicos.
O volume de dados analisado foi colossal: cerca de 750 mil registros ligados às exportações.
Como os veículos já haviam deixado o país e não podiam mais ser fisicamente apreendidos, a CBSA recorreu a um mecanismo legal conhecido como Notice of Ascertained Forfeiture, que permite aplicar penalidades equivalentes ao valor dos bens exportados ilegalmente.
Nesse caso, a multa foi calculada em impressionantes 36,9 milhões de dólares canadenses — aproximadamente US$ 26,7 milhões, ou cerca de R$ 144 milhões na cotação atual.
A base legal para a penalidade está nos artigos 95 e 124 da Lei de Aduanas canadense, que permite aplicar multas proporcionais ao valor total das mercadorias não declaradas.
De acordo com Dominic Mallette, diretor regional da CBSA para a Região do Atlântico, essa ação serve como um recado direto aos exportadores: o descumprimento das normas não passará impune.
“Essa penalidade multimilionária envia uma mensagem clara de que os exportadores comerciais serão responsabilizados caso desrespeitem as obrigações legais no Canadá”, afirmou.
Apesar de o comunicado oficial não mencionar diretamente veículos roubados, o Canadá vem enfrentando há anos um problema recorrente com carros furtados ou clonados sendo embarcados para a África Ocidental — rota comum para esse tipo de crime transnacional.
Neste caso específico, não há indícios públicos de que os veículos eram de origem ilegal, mas a ausência completa de documentação oficial chamou a atenção das autoridades desde o início.
Com uma das maiores multas aplicadas nos últimos anos por infrações aduaneiras, o episódio se transforma em alerta para qualquer um que opere no setor de exportação: esquecer a papelada pode sair bem mais caro do que parece.
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