Os eleitores americanos estão indo às urnas hoje, dia 5 de novembro, para escolher o próximo presidente dos Estados Unidos, em uma disputa que traz impactos profundos para a indústria automotiva.
A disputa entre o ex-presidente republicano Donald Trump e a atual vice-presidente democrata Kamala Harris pode definir o futuro de incentivos fiscais e políticas comerciais cruciais para o setor de veículos elétricos e para a indústria automobilística como um todo.
A legislação conhecida como Lei de Redução da Inflação e os incentivos para fabricação e venda de EVs estão no centro das discussões, com cada candidato prometendo direções distintas.
Um dos temas mais delicados diz respeito ao apoio governamental aos incentivos para a produção de veículos elétricos e baterias.
Michael Robinet, da S&P Global Mobility, acredita que os subsídios para a fabricação de baterias não devem ser retirados, independentemente de quem vença a eleição, mas os incentivos ao consumidor poderiam ser revisados.
A posição de Trump, em particular, tem gerado apreensão, já que o candidato republicano declarou em agosto que consideraria a eliminação do crédito fiscal de US$ 7.500 para compras de EVs, algo visto como um “retrocesso assustador” por executivos do setor.
Chris Nevers, da Rivian, afirmou que essa possibilidade seria um grande golpe para fornecedores e fabricantes que já investiram pesadamente no mercado americano e em parcerias comerciais.
Além disso, a eleição de 2024 acontece em meio a tensões trabalhistas intensas. Em agosto, o sindicato United Auto Workers (UAW) apresentou queixas contra Donald Trump e Elon Musk, acusando-os de intimidar trabalhadores.
Em uma conversa nas redes sociais, Trump elogiou Musk por sua postura firme em relação a greves, sugerindo que os trabalhadores insatisfeitos poderiam ser substituídos—ações que o UAW afirma serem ilegais e violadoras das leis trabalhistas dos EUA.
Em um momento especialmente simbólico, o presidente do UAW, Shawn Fain, utilizou seu discurso na Convenção Nacional Democrata para criticar a Stellantis, acusando a montadora de descumprir compromissos de investimento, ao mesmo tempo em que exaltou Kamala Harris como uma defensora dos trabalhadores.
A incerteza também ronda o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), cuja revisão está marcada para 2026.
A indústria automotiva teme que uma nova administração americana, sobretudo uma republicana, possa trazer revisões significativas para o pacto, que regula as tarifas para a circulação de veículos e peças entre os países signatários.
A pressão por mais proteção ao mercado interno dos EUA pode afetar a cadeia de produção integrada da América do Norte, impactando diretamente montadoras e fornecedores que dependem da livre circulação de componentes.
Outro ponto que desperta o interesse das montadoras europeias é a política de Trump de impor novas tarifas a veículos estrangeiros, o que poderia impactar gigantes como BMW, Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo, todas com presença significativa no mercado americano e em plena transição para a eletrificação.
Para essas empresas, o resultado da eleição pode significar tanto a aceleração quanto o desaquecimento de seus investimentos em solo americano.
A incerteza eleitoral também tem levado empresas e fornecedores a adiarem decisões de investimentos estratégicos, aguardando um panorama mais claro.
Segundo Nathan Niese, do Boston Consulting Group, diversos projetos foram postergados para após as eleições, pois o resultado pode alterar tanto o valor quanto o direcionamento desses investimentos.
Essa cautela é reforçada pela complexa relação entre Trump e Elon Musk, cujas empresas, apesar de apoiadas por contratos públicos e incentivos governamentais, também estão sujeitas a críticas e ajustes conforme a política de incentivo aos EVs se transforma.
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