Para manter Elon Musk no comando da Tesla por mais sete anos e meio, a montadora costurou um pacote de remuneração sem precedentes: um plano que pode ultrapassar a marca de 1 trilhão de dólares — algo que passa de R$ 5 trilhões.
A negociação envolveu uma série de reuniões, ameaças veladas de abandono e exigências pessoais do bilionário, que colocou suas condições sobre a mesa: mais poder, mais ações e menos interferência em seus outros negócios.
Ao longo de 10 encontros com Musk, o comitê especial da Tesla, liderado por Robyn Denholm e Kathleen Wilson-Thompson, tentou entender o que seria necessário para manter o executivo focado na empresa.
O acordo, publicado pelo site da Bloomberg, segundo documentos divulgados pela empresa, foi moldado com base em quatro áreas principais: expansão da frota de veículos, tecnologia de direção autônoma, robotáxis e robôs humanoides.
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O processo todo se estendeu por meses, com mais de 37 reuniões envolvendo conselheiros jurídicos e especialistas externos.
O plano era tão complexo que a Tesla decidiu adiar sua tradicional assembleia anual — que geralmente ocorre na primavera — para 6 de novembro, apenas para concluir os termos do acordo.
Durante as negociações, Musk deixou claro que não permaneceria na Tesla se não tivesse garantido pelo menos 25% de participação acionária com direito a voto.
Também exigiu que fosse compensado retroativamente pelos serviços prestados até aqui. Segundo os documentos, o comitê acreditou que essas ameaças de saída eram sinceras e, por isso, levou as demandas a sério.
Além da questão financeira, a diretoria estava preocupada com os impactos da atuação política de Musk.
O envolvimento dele com o governo Trump e sua participação em polêmicas públicas estavam, na visão de muitos investidores, prejudicando a imagem da Tesla.
O comitê queria garantias de que esse envolvimento diminuiria com o tempo, o que parece ter sido aceito por Musk — ao menos no papel.
Um dos pontos mais polêmicos do acordo é que o pagamento será feito em ações restritas, e não em opções, como no pacote anterior de 2018.
Isso garante a Musk poder de voto imediato assim que cumprir cada meta, o que acelera seu caminho rumo ao controle acionário de um quarto da empresa.
Críticos afirmam que, como o homem mais rico do mundo, Musk não deveria receber mais nada. Mas o comitê respondeu dizendo que tais críticas “não compreendem a motivação de Musk”.
Para se ter uma ideia da magnitude do plano, a consultoria contratada pela Tesla comparou o desempenho do bilionário com 113 outros CEOs de empresas públicas nos Estados Unidos.
O resultado? Nenhum deles teria atingido mais do que três metas do plano de 2018 — Musk cumpriu todas as 12. E, se o prazo fosse estendido para sete anos e meio, apenas Jensen Huang, da Nvidia, teria chegado ao mesmo nível.
As metas da nova proposta são ainda mais ousadas: incluem levar o valor de mercado da Tesla a patamares entre US$ 2 trilhões e US$ 8,5 trilhões.
Consultorias financeiras foram procuradas para avaliar a viabilidade disso, mas nenhuma quis se comprometer, alegando conflitos de interesse ou dificuldade em fazer projeções de longo prazo para uma empresa com atuação tão diversificada.
Atualmente, Musk tem um patrimônio estimado em US$ 377,7 bilhões, mas suas ações da Tesla poderiam valer mais de US$ 1,5 trilhão se os objetivos forem cumpridos. E, pelo que tudo indica, ele quer cada centavo — com poder incluído.
No fim, a Tesla parece ter feito uma aposta total em seu CEO. Mas o preço para manter Elon Musk envolvido é trilionário.
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