A Cybertruck, que prometia ser o símbolo da inovação da Tesla, teve um início conturbado — e o maior culpado pode ter sido o próprio Elon Musk.
Acredite se quiser: o primeiro projeto da picape elétrica foi jogado no lixo porque os engenheiros não conseguiram atender uma exigência esdrúxula do bilionário — ele queria que o veículo fosse anfíbio.
Isso mesmo. Segundo fontes do Wall Street Journal, o plano original da Tesla era que o Cybertruck fosse capaz de se locomover dentro d’água, como um barco.
A obsessão de Musk com a ideia chegou a mobilizar a equipe de engenharia, que passou meses tentando descobrir como fazer uma picape elétrica de aço inoxidável — pesada e rígida — flutuar.
Sem sucesso, o projeto foi abandonado por completo em 2022. A Tesla teve que começar do zero e desenvolver uma nova versão, mais simples e “com os pés no chão”.
O problema é que, com menos de dois anos para redesenhar, testar e lançar o Cybertruck, o resultado foi um produto cheio de falhas e improvisações.
Desde que começou a ser vendido, o modelo acumula nada menos que oito recalls. Os motivos vão de aceleradores que travam com sabão industrial até limpadores de para-brisa gigantes que não funcionam com o motor instalado.
Ex-funcionários relataram que as ordens de Musk vinham muitas vezes por meio de tweets. E mesmo quando pareciam ideias malucas, os engenheiros da Tesla tinham que tratar como instruções oficiais.
Foi assim com a exigência de que o Cybertruck fosse capaz de flutuar — uma promessa que Musk chegou a fazer publicamente. Mas, quando ficou claro que isso era tecnicamente inviável, a Tesla teve que desistir do conceito e adaptar tudo às pressas.
O resultado disso está nos números. Apesar de prometer uma revolução, o Cybertruck vendeu pouco mais de 46 mil unidades em um ano, contra uma produção planejada para 250 mil veículos anuais. O estoque está encalhado, e nem os grandes descontos têm ajudado.
Além disso, os defeitos persistem. O problema com o pedal do acelerador, por exemplo, já era conhecido desde os protótipos. Mesmo assim, a Tesla resolveu ignorar e iniciar a produção sem correções.
A mesma coisa aconteceu com o para-brisa — as peças chegavam quebradas ou trincavam durante a montagem.
A verdade é que, se Elon Musk tivesse se concentrado em entregar uma picape funcional em vez de perseguir fantasias de ficção científica, talvez o Cybertruck não fosse hoje um símbolo do fracasso.
Mas ao tentar transformar o carro em um anfíbio futurista, ele acabou afundando o projeto — e com ele, a credibilidade da Tesla em um dos segmentos mais competitivos do mercado.
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