
A virada protagonizada pela China no mercado de veículos elétricos tem impressionado até os mais céticos, conforme mostra reportagem da CNBC.
Em um movimento rápido e de grande escala, o país asiático deixou de ser apenas um produtor local para se tornar o epicentro global da nova era automotiva.
Nem mesmo Elon Musk previu esse avanço — em 2011, chegou a zombar da BYD, dizendo que a empresa enfrentava problemas graves na China e que seus carros eram pouco atraentes e tecnologicamente fracos.
Quatorze anos depois, a realidade virou do avesso. A BYD não apenas sobreviveu, como ultrapassou a Tesla em 2024 e se tornou a maior fabricante de EVs em receita do planeta.
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A empresa agora lidera uma ofensiva internacional ao lado de marcas emergentes como Nio e Li Auto, além de veteranas como Geely e SAIC Motor. A gigante das baterias CATL, por sua vez, garante a infraestrutura energética que sustenta toda essa revolução.
O domínio chinês já chegou ao ponto de tornar o mercado interno saturado. Com mais de 31 milhões de veículos vendidos em 2024 — dos quais cerca de 41% eram elétricos —, a necessidade de exportar se tornou inevitável.
E essa movimentação para fora das fronteiras já começa a agitar o mercado global. Países como Reino Unido e Noruega já sentem o impacto, com os carros chineses alcançando fatias de mercado expressivas e em ritmo acelerado.
Esse avanço, porém, não veio do nada. Entre subsídios, incentivos fiscais e cerca de US$ 230 bilhões investidos entre 2009 e 2023, a China construiu uma base sólida.

Soma-se a isso uma moeda desvalorizada, mão de obra mais barata e uma cadeia de produção de baterias altamente eficiente. O resultado? Um tsunami de EVs com preços competitivos e tecnologia de ponta invadindo os portos do mundo.
Diante dessa avalanche, a resposta ocidental começa a tomar forma. EUA e União Europeia já impuseram tarifas a veículos elétricos chineses, sob alegações de práticas desleais e protecionismo industrial.
Mesmo assim, especialistas alertam que isso talvez não seja suficiente. A estimativa é que até 2030 a China fabrique 36 milhões de carros por ano — o equivalente a 4 em cada 10 veículos produzidos no planeta — e exporte 9 milhões deles.
A Europa, em particular, está em alerta. A ACEA, entidade que representa grandes montadoras como Volkswagen, BMW e Stellantis, tem cobrado mudanças regulatórias urgentes para permitir que a indústria local consiga competir em condições mais justas.

Segundo a diretora-geral Sigrid de Vries, o ambiente europeu atual penaliza a inovação em vez de incentivá-la, enquanto a China avança com políticas agressivas e investimento pesado.
Embora o crescimento chinês pareça imparável, nem tudo são flores. O mercado interno já mostra sinais de saturação e analistas apontam para uma iminente “limpeza” entre as startups locais, muitas das quais ainda operam sem lucratividade.
Mesmo assim, com fábricas sendo abertas fora da China pela primeira vez em maior número que no próprio país, a estratégia de expansão global já está em curso.
A pergunta que fica é: será que o Ocidente vai conseguir reagir a tempo ou estará destinado a assistir à segunda revolução automotiva ser comandada de Pequim?
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