
Uma ex-engenheira da Tesla que se transformou em denunciante está prestes a enfrentar a montadora de Elon Musk nos tribunais após quase uma década de batalhas legais.
Cristina Balan, romena radicada nos Estados Unidos, afirma que foi for çada a pedir demissão e que toda a sua equipe foi amea çada de deportação após levantar preocupações sobre falhas de segurança nos freios do Model S diretamente com o próprio Musk.
Balan, que participou ativamente do desenvolvimento do sedã elétrico — a ponto de suas iniciais estarem estampadas no pack de baterias do carro —, relata que alertou a liderança da empresa sobre o risco de o pedal do acelerador ficar preso sob os tapetes de borracha.
Isso poderia comprometer a frenagem, como aconteceu com a Toyota em seu famoso escândalo de aceleração involuntária.
Segundo ela, Musk ignorou os alertas, preferindo manter um fornecedor de tapetes com o qual teria uma relação pessoal, colocando a amizade acima da qualidade.
Em março de 2013, Musk enviou um e-mail interno a todos os funcionários da Tesla afirmando que qualquer colaborador poderia falar com ele diretamente sobre problemas nos produtos da empresa.
Isso deu confiança a Balan para agendar uma reunião com o CEO e apresentar suas preocupações. Mas, ao chegar para o encontro, foi surpreendida por advogados da Tesla e seguranças uniformizados.
Em vez de conversar com Musk, foi coa gida a assinar uma carta de demissão.
De acordo com relatos publicados pelo Electrek, durante essa reunião a Tesla teria amea çado deportar membros da equipe de Balan que estavam com pedidos de green card em andamento, caso ela não aceitasse sair da empresa.
Pressionada, ela assinou a demissão, mas deixou registrado que o fazia “pela posição em que fui colocada depois de ousar falar com a alta gestão”.
Três anos depois, ao ter sua história publicada pelo Huffington Post, a Tesla contra-atacou dizendo que Balan havia desviado recursos da empresa para tocar um “projeto pessoal secreto”.
No entanto, e-mails internos mostram que ela recebeu ordens para trabalhar nesse mesmo projeto. Ainda assim, as acusações acabaram prejudicando sua reputação, dificultando sua recolocação no mercado, com empresas temendo retaliações de Musk.
Balan então processou a Tesla por difamação. A empresa conseguiu empurrar o caso para arbitragem e teve sucesso em arquivar a ação.
Determinada, Balan recorreu da decisão e, mesmo enfrentando um tratamento contra um câncer agressivo em estágio 3B — hoje em remissão —, insistiu na batalha judicial e finalmente obteve vitória: conseguiu invalidar a arbitragem e agora poderá levar o caso aos tribunais comuns.
E o mais surpreendente: ela fez isso sozinha, sem advogado, como confirmou a BBC News.
“Quero limpar meu nome”, disse Balan à emissora britânica. “Gostaria que Elon Musk tivesse a decência de se desculpar.”
Agora, com a decisão favorável, o caso de Balan pode abrir precedentes importantes sobre transparência, segurança e cultura corporativa em empresas de tecnologia, além de questionar o uso de arbitragem como ferramenta para silenciar denúncias internas.

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