Em crise, Harley-Davidson vende sua “banca” de financiamentos por US$ 5 bilhões para tentar sobreviver

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A tradicional Harley-Davidson está passando por uma encruzilhada histórica. A marca que por décadas simbolizou liberdade, rebeldia e estradas infinitas agora luta para manter o motor ligado em meio a um cenário econômico hostil.

Para ganhar fôlego, a empresa anunciou a venda de sua carteira de financiamentos e parte de sua financeira Harley-Davidson Financial Services (HDFS) por nada menos que US$ 5 bilhões.

O negócio foi fechado com dois gigantes do mercado financeiro : a gestora Pimco e a firma de private equity KKR. O acordo inclui todos os empréstimos já concedidos pela HDFS e também os futuros contratos.

A decisão pode soar drástica, mas vem num momento em que a Harley precisa urgentemente de caixa para manter sua operação, especialmente com o fiasco do projeto de motos elétricas e um público-alvo cada vez mais envelhecido.

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O setor financeiro da Harley sempre foi um trunfo da companhia. Em 2024, mesmo com os lucros da montadora em queda, a HDFS registrou um lucro operacional de US$ 248 milhões sobre pouco mais de US$ 1 bilhão em receita.

Com os juros altos, o negócio de financiamentos ainda rende bem — ao contrário das vendas de motocicletas, que têm sofrido retração.

Fabricar motos hoje em dia é menos rentável do que financiar a compra delas.

Não à toa, várias montadoras mantêm seus próprios bancos internos, os chamados “captive lenders”, que conseguem manter controle de crédito, minimizar inadimplência e, em momentos críticos, vender os ativos e levantar capital rápido — como agora.

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Com prejuízos no braço elétrico LiveWire e queda de receitas globais, a Harley-Davidson precisou agir rápido.

A empresa ainda tinha US$ 2 bilhões em caixa após o primeiro trimestre, mas o ritmo das perdas não permitiria manter o atual modelo por muito tempo. Além disso, as incertezas tarifárias nos Estados Unidos complicam ainda mais as projeções futuras.

Enquanto isso, a tarefa de atrair novos consumidores continua sendo um pesadelo. O público fiel da Harley está envelhecendo, e os jovens, ao que tudo indica, não se sentem atraídos por motos barulhentas e pesadas.

A transição para modelos elétricos, que poderia ser a ponte para uma nova geração, ainda não decolou.

Sem uma base jovem para garantir o futuro e pressionada por custos altos e um cenário internacional instável, a Harley-Davidson decidiu vender o que ainda tem valor: seu setor financeiro.

A pergunta agora é se esse fôlego bilionário será suficiente para evitar que a lendária fabricante acabe engolida pelo próprio passado.



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.