
A Nissan parece atravessar um dos momentos mais delicados de sua trajetória recente.
Em meio a um plano agressivo de reestruturação, a montadora japonesa anunciou o corte de cerca de 20 mil postos de trabalho ao redor do mundo — o equivalente a 15% de sua força de trabalho global.
Ao mesmo tempo, está pedindo a fornecedores mais prazo para realizar pagamentos, uma manobra que visa preservar liquidez no curto prazo.
O movimento faz parte do plano de recuperação batizado de Re:Nissan, com o qual a empresa espera reduzir custos em cerca de 250 bilhões de ienes e retomar a lucratividade até o ano fiscal de 2026.
Embora a Nissan ainda conte com uma reserva de caixa considerável, de 2,2 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 15,2 bilhões), também tem pela frente o vencimento de dívidas da ordem de 700 bilhões de ienes já neste ano.
Um dos pontos mais sensíveis está no Reino Unido, onde a fábrica de Sunderland — a maior empregadora da região, com cerca de 6 mil funcionários — passará por um processo de cortes voluntários.
A Nissan está iniciando conversas com os trabalhadores sobre programas de aposentadoria antecipada.
A estimativa é reduzir 250 postos de trabalho na unidade, que é peça-chave nos planos de eletrificação da marca, incluindo os futuros modelos LEAF, Juke e Qashqai totalmente elétricos.
Paralelamente aos cortes, a montadora tem enviado comunicados aos seus fornecedores na Europa e no Reino Unido propondo alterações nas condições de pagamento.
Segundo emails e documentos internos obtidos pela Reuters, os parceiros comerciais podem optar entre receber imediatamente ou aceitar um adiamento — com ou sem intermédio do banco HSBC, que faria os pagamentos e seria reembolsado pela Nissan com juros.
Apesar da tensão, a empresa se diz comprometida com a retomada e afirma que essas medidas visam garantir capital de giro suficiente para cobrir os custos do processo de transformação e honrar seus compromissos.
Vale lembrar que essa não é a primeira vez que a Nissan recorre à postergação de pagamentos como forma de aliviar a pressão de caixa — algo que tem gerado preocupações recorrentes entre fornecedores e funcionários.

Com uma nova geração de elétricos a caminho, como o LEAF renovado e o Micra EV, além de uma promessa de SUV com foco aventureiro para o mercado norte-americano, a Nissan espera que o investimento em inovação seja capaz de equilibrar o cenário financeiro e restaurar a confiança no futuro da marca.
A pergunta que fica é se o plano ambicioso será suficiente para conter o avanço das dificuldades financeiras que se desenham no horizonte.

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