As enchentes no Rio Grande do Sul atingiram gravemente 90% dos municípios do Estado e o impacto econômico é grande o suficiente para afetar o PIB do Brasil por um bom tempo, assim como se prevê pelo menos uma década para o RS voltar ao nível de 2024.
Trazendo parte da tragédia para o setor automotivo, o Rio Grande do Sul tem uma frota de 2,8 milhões de veículos e estima-se que entre 5% e 10% desse montante foi perdido nas enchentes, gerando um prejuízo incalculável para os donos de veículos gaúchos.
Além da frota circulante, as enchentes atingiram boa parte do estoque de veículos novos no Estado e das 232 concessionárias existentes por lá, mapeadas pela plataforma de vendas Auto Avaliar, tinham 3.850 carros em estoque.
Segundo os cálculos da plataforma, com base no ticket médio de R$ 80.001,00 da região, os estoques somariam R$ 300.003,850. Todavia, as vendas ao consumidor final ficaram em R$ 228.562,857.
Um prejuízo de mais de R$ 200 milhões está sendo verificado com base nesses números, já que o mercado automotivo gaúcho praticamente parou diante da tragédia. Isso seria uma conta inicial, lembrando que o Estado representa 7% das vendas nacionais.
No entanto, sem carros para vender, já que mesmo o acesso ao Estado continua bem precário, fora as condições financeiras de centenas de milhares de gaúchos de todas as classes sociais, revela um cenário perturbador para o mercado automotivo local.
J.R. Caporal, CEO da Auto Avalia, comenta: “O setor passa por uma crise sem precedentes, pois mesmo aqueles que não perderam parte da sua frota sofrem com a queda da demanda, já que a economia se encontra estagnada e vai se manter assim por um tempo, prejudicando o giro de estoque”.
Não apenas isso, muitas empresas gaúchas precisam renovar as frotas perdidas para retomar seus negócios e a oferta local, no entanto, inxiste no momento.
Caporal ressalta: “Este foi o cenário que vimos em Nova Orleans em agosto de 2005, quando a cidade foi devastada pelo furacão Katrina. Após o desastre, muitos abandonaram a cidade, a demanda foi praticamente zerada e as concessionárias atingidas exibiram desempenhos diferentes, algumas demoraram a ser reconstruídas e outras se reabilitaram mais rapidamente”.
Pelo menos no horizonte, o que se vê de recuperação do mercado gaúcho vem das indenizações das seguradoras, porém, atendidas fora do Estado, o que aconteceu em Nova Orleans. Caporal explica: “Como não havia estoque suficiente, parte da demanda foi suprida por concessionárias fora dos limites da cidade de Nova Orleans”.
Todavia, um movimento inverso pode ocorrer no RS, aonde parte do estoque sobrevivente do Estado acabe fora dele, pela não cobertura de boa parte dos seguros das vítimas. Caporal pondera: “Só que no curto prazo estas concessionárias [não afetadas] precisam vender para sua sobrevivência e a saída tem sido buscar consumidores em outros estados”.
Segundo a plataforma, eles encontram formas de enviar esses carros não atingidos pelas águas para fora do Estado, fomentando a comercialização de veículos de lojas gaúchas em outros Estados, apoiando assim a reconstrução econômica da região.
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