
Muito além de vender carros, a Toyota descobriu uma verdadeira mina de ouro em seu setor de pós-venda.
Com mais de 150 milhões de veículos circulando pelo mundo, a montadora japonesa está transformando a área de manutenção, peças e serviços em sua principal fonte de lucro — superando até as receitas com carros novos.
Segundo projeções da própria Toyota, a divisão conhecida como “value chain” deve ultrapassar, em lucro operacional, as vendas de veículos até o fim do ano fiscal de 2026, segundo reportagem da Bloomberg.
Em 2025, essa área já terá atingido a marca histórica de ¥2 trilhões (o equivalente a R$ 70 bilhões). Esse crescimento é impulsionado por um ganho médio de ¥150 bilhões por ano, tornando-se peça-chave na sustentabilidade financeira da empresa.
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A importância do setor é tamanha que, em janeiro, a Toyota criou uma divisão exclusiva para o negócio, reunindo equipes antes dispersas entre atendimento ao cliente, peças de reposição, manutenção e serviços financeiros.

Yukiko Miyamoto, primeira gerente-geral da nova divisão, afirma que o objetivo é ampliar os vínculos com o cliente após a compra, especialmente em mercados onde muitos donos de Toyota recorrem a oficinas fora da rede autorizada.
Apesar do crescimento expressivo, o cenário futuro traz novos desafios. A chegada dos veículos definidos por software e os EVs, com possibilidade de atualizações remotas, estão mudando radicalmente o modelo tradicional de assistência.
A Toyota enxerga nessa transformação uma oportunidade de monitorar ainda mais veículos remotamente, embora admita que os clientes poderão visitar menos as concessionárias.
Segundo Miyamoto, a transição para carros elétricos é uma faca de dois gumes.
Por um lado, EVs exigem menos manutenção em motores, mas por outro, aceleram mais e são mais pesados, desgastando pneus e freios com maior rapidez. Além disso, esses veículos precisam de peças específicas e customizações, o que pode abrir novas frentes de atuação no mercado de pós-venda.

Em 2024, a Toyota vendeu 10,8 milhões de carros — uma leve queda em relação ao ano anterior, mas suficiente para manter o posto de maior montadora do mundo pelo quinto ano consecutivo, à frente da Volkswagen.
Inclusive, a marca já começa a recuperar terreno no mercado chinês, onde as montadoras japonesas vinham perdendo espaço para concorrentes locais focados em EVs baratos.
O sucesso da divisão de valor agregado passa por uma estratégia global.
A Toyota está ampliando sua presença em regiões como o Sudeste Asiático e reforçando operações nos Estados Unidos e Europa. A força da sua rede global de concessionárias segue como um dos grandes trunfos da empresa.

Mais da metade da receita da nova divisão vem de peças de reposição — de itens simples como filtros e palhetas até faróis modernos para o RAV4 ou kits de personalização que deixam o carro mais esportivo ou aventureiro.
Para Miyamoto, o segredo está na relação contínua com o cliente.
“Quanto mais carros vendemos, mais oportunidades temos. Mas o mais importante é manter o vínculo depois da venda. As duas coisas precisam se alimentar mutuamente”, afirmou.
A Toyota parece determinada a fazer isso acontecer — mesmo que o futuro seja elétrico e digital, ela quer garantir que ainda haverá lucro na troca do filtro de ar.
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