Se alguém dissesse que um SUV médio ou grande, com design moderno e tecnologia de ponta, poderia custar o equivalente a R$ 38 mil, a maioria dos consumidores brasileiros riria da ideia.
Afinal, esse é o tipo de valor que hoje mal compra um Toyota Corolla 2009 com mais de 300 mil km rodados.
Mas essa é exatamente a visão de Zhu Jiangming, CEO da montadora chinesa Leapmotor, que acredita que veículos novos e robustos com esse preço estarão no mercado em breve — na China, claro.
Em uma declaração que pode ter feito executivos de Ford, Volkswagen e Stellantis perderem o sono, Jiangming afirmou que será “razoável” vender um SUV médio por 50 mil yuans, cerca de 7 mil dólares.
A fala, que em um primeiro momento parece provocação, ganha força quando lembramos que a Stellantis, dona da Jeep, já possui 20% de participação na Leapmotor — ou seja, não estamos falando de uma startup qualquer, mas de uma montadora com apoio global.
O argumento do executivo se baseia em avanços tecnológicos e na rápida integração de chips e eletrônica nos veículos modernos, o que tem potencial para reduzir drasticamente os custos de produção.
Como exemplo, ele cita televisores de 100 polegadas vendidos por menos de US$ 850 e aparelhos de ar-condicionado por pouco mais de US$ 150 na China — itens que, anos atrás, eram luxo e hoje se tornaram quase eletrodomésticos comuns.
A Leapmotor ainda está distante dessa meta, mas já mostra o caminho. Seu SUV C16, com seis lugares, parte de cerca de US$ 24 mil — um valor que, embora muito acima da promessa de Jiangming, já é considerado uma pechincha frente aos preços do Ocidente.
Nos Estados Unidos e na Europa, um modelo com essas proporções e tecnologias não sai por menos de US$ 40 mil ou US$ 70 mil, dependendo da marca.
Enquanto isso, o mercado chinês vive uma guerra de preços que parece prestes a implodir. Concorrentes como a Great Wall Motor já alertaram que o setor automotivo local caminha para uma bolha parecida com a que levou a gigante imobiliária Evergrande à falência.
Embora a BYD, uma das líderes do segmento, tenha negado qualquer risco de colapso, a queda agressiva de preços já preocupa.
Em paralelo, o sucesso dos carros chineses começa a incomodar — e muito — os fabricantes tradicionais. A eletrificação nivelou o jogo, eliminando décadas de vantagem das montadoras do Ocidente.
Agora, marcas da China oferecem produtos competitivos, repletos de tecnologia, com design atualizado e preços muito mais acessíveis.
O impacto disso já é visível. Empresas como Volvo e MG foram compradas por grupos chineses e ganharam sobrevida. Jaguar Land Rover, outra joia da indústria britânica, pertence à indiana Tata.
E outras marcas tradicionais podem seguir o mesmo destino se não reagirem à altura.
A realidade é clara: o consumidor global pode estar prestes a ver SUVs custando o que hoje se paga em um eletrodoméstico de ponta.
Se isso se concretizar, o mercado automotivo nunca mais será o mesmo — e as montadoras ocidentais, com seus preços estratosféricos e margens infladas, terão que escolher entre se reinventar ou sair de cena.
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