Não é novidade que o mundo precisa se livrar dos combustíveis fósseis com urgência.
As mudanças climáticas estão pressionando os limites do planeta, afetando o nível dos mares, as fontes de água potável e os ecossistemas como um todo.
Mas além disso, existe um efeito direto e imediato no cotidiano das pessoas: o ar que respiramos está envenenado — e a culpa é dos motores a combustão.
Um novo estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC) oferece uma prova concreta de que a eletrificação da frota não é apenas uma solução para salvar o planeta a longo prazo, mas também uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde pública agora.
Segundo os pesquisadores, basta que uma cidade aumente em apenas 20 o número de veículos zero emissão para cada mil habitantes para que as visitas ao pronto-socorro por causa de asma caiam 3,2%.
E isso com dados reais, colhidos entre 2013 e 2019.
Ou seja, não estamos falando de projeções ou estimativas teóricas, mas de resultados práticos baseados na adoção crescente de EVs na Califórnia.
O impacto é direto, mensurável e gigantesco — ainda mais se considerarmos que os Estados Unidos gastam US$ 56 bilhões por ano com asma, dos quais US$ 50 bilhões vão só para tratamento.
Se a frota americana fosse inteiramente elétrica, outro estudo citado prevê uma economia de US$ 1,2 trilhão em saúde até 2050. Isso representaria 110 mil vidas salvas e 2,7 milhões de crises asmáticas evitadas.
Um impacto colossal que não viria com nenhuma outra medida tão simples quanto substituir carros a combustão por modelos elétricos.
No entanto, o estudo também revela uma verdade incômoda: os benefícios da transição para os EVs estão concentrados em bairros ricos.
Zonas de maior renda têm mais carros elétricos nas ruas, o que significa que seus moradores respiram ar mais limpo, enquanto comunidades de menor poder aquisitivo continuam expostas à poluição.
A desigualdade socioeconômica, portanto, também se reflete na qualidade do ar e na saúde das pessoas.
A situação se agrava com o fim de incentivos fiscais, tarifas imprevisíveis e o preço crescente dos veículos elétricos, o que dificulta ainda mais o acesso da população de baixa renda a tecnologias que poderiam literalmente salvar suas vidas.
Fica claro que a transição energética precisa ir além da boa vontade individual.
O Estado precisa intervir com políticas públicas que garantam o acesso justo a veículos limpos, sob o risco de criarmos cidades com dois pulmões: um saudável e moderno nos bairros ricos, e outro sufocado pela fumaça da desigualdade social.
Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!