
Frank Stephenson pode não ter o mesmo apelo midiático de nomes como Chris Bangle ou Ian Callum, mas é, sem dúvida, uma das mentes mais influentes do design automotivo moderno.
Com passagens por marcas como McLaren, Ferrari, BMW, Alfa Romeo, Mini e Maserati, o britânico tem autoridade de sobra quando o assunto é estilo e proporção.
E ele não tem medo de falar o que pensa — principalmente quando encontra algo que, em sua opinião, ficou muito aquém do esperado.
Desta vez, o alvo foi o novo Jaguar Type 00 Concept, apresentado em Goodwood.
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Em artigo para a revista Top Gear, Stephenson não economizou nas palavras e disse que o conceito mais parece um trabalho mal-acabado de um estudante do primeiro ano de design.

Para ele, o modelo carece de personalidade, refinamento e, pior ainda, parece ter saído para o mundo antes mesmo de estar pronto.
Segundo suas observações, o Type 00 tem superfícies planas demais, sem volume, nem elementos que criem jogos de luz e sombra.
Ele descreve a carroceria como “inacabada” e sem qualquer tipo de “entretenimento visual”. Na sua análise, é como se o carro estivesse preso em uma fase de protótipo de argila, sem ter sido polido até atingir um ponto de destaque visual.
Apesar de apresentar a clássica fórmula esportiva de capô longo e traseira curta, Stephenson afirma que o resultado final parece forçado e mal resolvido.

Os detalhes, segundo ele, dão ao carro uma aparência de brinquedo — em parte, por conta das rodas grandes demais e desproporcionais em relação ao restante da carroceria.
O mais preocupante, segundo o designer, é a ausência da tradicional “vilania” que sempre marcou os carros da Jaguar.
Referindo-se ao mítico E-Type como exemplo de ousadia e charme britânico, Stephenson critica o Type 00 por tentar emular essas proporções de forma superficial e sem alma. Para ele, o conceito é frio, genérico e, nas suas palavras, “inautomotivo”.
Em um de seus comentários mais duros, ele compara o projeto ao “efeito Cybertruck”, criticando a tendência de buscar o impacto visual a qualquer custo, sem levar em consideração proporção, propósito ou execução.

Segundo ele, esse tipo de abordagem tem se tornado cada vez mais comum após o lançamento da picape da Tesla, o que representa um risco para o design automotivo como um todo.
Curiosamente, o responsável pela carroceria do Type 00 é Gerry McGovern, conhecido por projetos de peso na Land Rover, como o novo Defender e o Range Rover atual.
Mesmo com um histórico sólido, McGovern agora enfrenta o desafio de resgatar a identidade visual da Jaguar em meio a uma fase de reinvenção marcada por desconfiança e críticas.
A campanha de reposicionamento da marca, batizada de “Copy Nothing”, ainda não conseguiu convencer o público.
Enquanto o novo CEO, P.B. Balaji, tenta vender a ideia de que os clientes “no campo” estão reagindo bem, a recepção nas redes e entre especialistas indica o contrário: há mais ceticismo do que entusiasmo.
E, se depender da opinião de Frank Stephenson, a Jaguar tem muito chão pela frente antes de recuperar seu prestígio visual.
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