Wassym Bensaid, diretor de software da Rivian, recentemente causou polêmica em uma conferência chamada TechCrunch Disrupt 2024, onde afirmou que os controles físicos nos carros são “um erro, não uma funcionalidade”.
Segundo ele, o ideal seria que a interação com o veículo fosse feita por comando de voz. No entanto, ele reconheceu que, atualmente, a maioria dos assistentes de voz é falha.
Essa visão de Bensaid levanta a questão: quem realmente deseja que os controles dos veículos sejam totalmente substituídos pela voz? Para muitos motoristas, a resposta é simples: não eles.
Controles físicos sempre foram e continuarão sendo a melhor maneira de operar funções auxiliares de um carro.
Após um curto período de familiarização, qualquer motorista consegue manusear botões sem precisar desviar o olhar da estrada ou interromper sua concentração. Quando foi a última vez que alguém teve que olhar para a alavanca do limpador de para-brisa antes de ativá-la? Provavelmente nunca.
As telas sensíveis ao toque têm suas vantagens, como maior funcionalidade com menos fiação e custos reduzidos, o que explica por que as montadoras as adotam com entusiasmo, não que elas sejam melhores.
A popularidade crescente dos dispositivos móveis também impulsiona a aceitação de interfaces mais digitais nos veículos. Porém, o aumento desenfreado do tamanho das telas é um fenômeno relativamente recente, enquanto os comandos de voz existem há décadas.
E, ao contrário da opinião de Bensaid, não é que os assistentes de voz sejam apenas “quebrados”, mas sim que essa forma de interação humano-máquina é, por natureza, limitada e frustrante.
Um exemplo é o conjunto de carros vendidos lá por volta de 2010. Alguns deles já tinham comandos por voz, mas os botões estavam espalhados pelo painel.
Usar comandos de voz pode ser incômodo, exigindo a interrupção da música, o fechamento das janelas e a concentração para formular comandos precisos, o que se torna mais trabalhoso do que simplesmente apertar um botão.
Algumas montadoras têm experimentado frases mais naturais, como reagir a comandos do tipo “estou com frio”, mas isso cria uma ambiguidade desnecessária. O carro pode não entender a intensidade desejada, gerando mais frustração.
Outro ponto preocupante é a privacidade. Com os carros modernos cada vez mais conectados, há o risco de registros de voz serem armazenados e transmitidos, alimentando bancos de dados e treinando modelos de IA.
Embora a voz de um motorista comum não tenha o mesmo valor que a de uma celebridade, ainda assim, há um desconforto em ter sua privacidade invadida dessa maneira.
As contribuições da tecnologia para a indústria automotiva são inegáveis, e a Rivian trouxe inovações interessantes. Mas, na visão de muitos motoristas, os comandos de voz simplesmente não são a solução ideal.
Mesmo que as melhorias tornem os assistentes mais eficientes e capazes de reconhecer diferentes sotaques e nuances, os botões físicos continuam sendo a opção preferida por sua simplicidade e eficácia.
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