
A nova ofensiva das montadoras chinesas rumo à globalização está criando uma onda de oportunidades para os principais fornecedores automotivos globais — e eles estão aproveitando cada chance.
Com fábricas sendo erguidas fora da China, em locais estratégicos como Sudeste Asiático, América do Sul, Europa e Oriente Médio, marcas como BYD, Xpeng e GAC estão se conectando a empresas como Magna, Forvia, Aptiv e Tenneco para acelerar a expansão e evitar barreiras comerciais.
A estratégia das fabricantes chinesas é simples: produzir localmente ou montar veículos em kits semi-desmontados (SKD) para driblar tarifas pesadas, como as recentemente impostas pela União Europeia sobre carros elétricos vindos diretamente da China.
A execução disso, porém, exige uma rede global de fornecedores experientes, capazes de entregar componentes tecnológicos, engenharia de produto e suporte logístico — algo que só as maiores fornecedoras mundiais conseguem oferecer.
Um exemplo claro é a Magna, que já estaria em negociações avançadas com a startup Xpeng e a estatal GAC para montar veículos elétricos na sua planta em Graz, na Áustria.
As informações vieram do jornal austríaco Kleine Zeitung e revelam como as montadoras chinesas estão se organizando para contornar tarifas e entrar na Europa com mais competitividade.
A Forvia, por sua vez, começou a operar uma fábrica de montagem de assentos na província de Rayong, na Tailândia, exclusivamente para atender a planta local da BYD.
A empresa também já está de olho nas futuras instalações da montadora chinesa na Hungria e na Turquia. Segundo o CEO Martin Fischer, o objetivo é crescer junto com os parceiros chineses, não apenas na Ásia, mas globalmente.
Já a Aptiv, que herdou o legado da Delphi Automotive, vem há anos priorizando o desenvolvimento tecnológico dentro da China.
A estratégia começou a dar frutos: durante o Salão de Xangai, a empresa anunciou o fornecimento de sistemas avançados de assistência à condução a uma startup chinesa de EVs que está expandindo operações para a Europa.
O diferencial é que esses sistemas rodam com chips e software desenvolvidos na própria China — o que evita conflitos com as rigorosas regulamentações dos EUA.
Enquanto isso, outras fornecedoras como a Tenneco estão em estágio inicial de negociações com diversas montadoras chinesas.
Com mais de 250 fábricas e centros de P&D espalhados pelo mundo, a empresa se apresenta como uma parceira já pronta para acompanhar a expansão dos clientes chineses, oferecendo estrutura global imediata.
Segundo o CEO Jim Voss, essa capacidade instalada em vários mercados é a grande vantagem competitiva frente aos fornecedores regionais.
Em um momento em que a China quer dominar o cenário automotivo global, quem tiver escala e presença internacional estará no centro do jogo.
Essa aliança entre fornecedores multinacionais e fabricantes chineses promete mudar de vez a dinâmica do setor automotivo.
Enquanto governos tentam conter a maré com tarifas e regulamentações, as marcas chinesas encontram, na rede de fornecedores ocidentais, os atalhos certos para acelerar sua presença no mundo.
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