A Volkswagen está enfrentando um novo revés em sua corrida pelos carros elétricos.
A montadora alemã decidiu adiar o lançamento do tão esperado Golf elétrico em cerca de nove meses, devido a restrições orçamentárias que atingiram em cheio o processo de reestruturação de sua principal fábrica, em Wolfsburg.
O atraso afeta também outros projetos estratégicos da marca, como a versão elétrica do SUV T-Roc.
Segundo fontes ligadas à empresa, que preferiram não se identificar, os planos de transformar Wolfsburg em um polo de veículos elétricos de última geração foram paralisados.
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O investimento em novas tecnologias de produção teve que ser empurrado para um período posterior do orçamento da companhia. E mais: a transferência da produção da versão a combustão do Golf para o México, prevista para 2027, também foi adiada, segundo reportagem da Bloomberg.
Essas medidas fazem parte de um amplo acordo de reestruturação fechado no ano passado entre a direção da VW e sindicatos, com o objetivo de cortar cerca de €4 bilhões por ano.
A ideia era conter os prejuízos causados por uma combinação de queda nas vendas na China e desaceleração na demanda por EVs na Europa. Mas, na prática, os cortes estão comprometendo o cronograma de lançamentos e alimentando a tensão nas linhas de produção.
O Golf elétrico, que estava previsto para 2029, agora deverá chegar quase em 2030. Enquanto isso, marcas chinesas como a BYD ganham terreno na Europa, aproveitando a ausência de EVs acessíveis das montadoras tradicionais.
A própria Volkswagen havia apresentado, durante o Salão de Munique, quatro modelos elétricos de entrada com preços a partir de €25.000, prometendo para 2026. Mas o atraso no Golf acende um alerta sobre a capacidade da marca em manter seus compromissos.
A situação em Wolfsburg é crítica. Relatos indicam que falhas técnicas e problemas com equipamentos estão travando as linhas de produção.
Trabalhadores convocados para turnos extras à noite e nos fins de semana agora veem o ritmo cair drasticamente, com estimativas de milhares de unidades deixadas de produzir por semana até o fim do ano.
No momento, a Volkswagen está finalizando seu plano orçamentário para o período de 2026 a 2030, que envolve decisões estratégicas sobre produção, investimento e expansão.
Dentre os €160 bilhões estimados para o ciclo, uma parte poderá ser destinada para corrigir os problemas técnicos da fábrica de Wolfsburg — mas, diante do tamanho da crise, ainda não está claro se isso será suficiente.
O que era para ser uma virada de página da Volkswagen rumo ao futuro elétrico, pode estar se transformando em um doloroso alerta:
Sem planejamento financeiro consistente e execução precisa, nem mesmo uma gigante como a VW está imune ao colapso interno. E enquanto isso, as marcas chinesas agradecem.
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