
A tradicional e poderosa família Agnelli, conhecida por seu domínio sobre gigantes como Ferrari e Stellantis, voltou ao centro de uma batalha judicial que pode mudar os rumos de seu império.
Margherita Agnelli, filha do lendário Gianni Agnelli, surpreendeu o tribunal de Turim ao apresentar um suposto adendo manuscrito ao testamento de seu pai, datado de 1998 e até então desconhecido.
O documento em questão foi revelado durante uma audiência e coloca em xeque a estrutura societária da holding Dicembre, peça-chave no controle da Exor, o grupo de investimentos da família.
A Exor, por sua vez, tem participação decisiva na Ferrari e é a principal acionista da Stellantis, conglomerado automotivo que reúne marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën.
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Segundo os advogados de Margherita, o novo manuscrito deixaria claro que os 25% de participação de Gianni Agnelli na Dicembre deveriam ser transferidos a seu filho Edoardo, falecido em 2000.
Até agora, o que prevalecia era um documento anterior, de 1996, que indicava John Elkann, neto de Gianni, como o sucessor desses ativos — algo que de fato ocorreu após a abertura oficial do testamento em 2003.
A nova revelação acontece em meio a uma investigação encerrada recentemente pelo Ministério Público de Turim sobre suposta evasão fiscal, que levou Elkann a aceitar um acordo com a justiça envolvendo um ano de serviços comunitários.
Durante essa apuração criminal, o documento de 1998 teria sido encontrado e agora é usado como peça chave no processo civil movido por Margherita.
A holding Dicembre está atualmente nas mãos de John Elkann e seus irmãos, Lapo e Ginevra, todos filhos do primeiro casamento de Margherita.
No entanto, ela alega que, à luz do novo testamento, tanto ela quanto sua mãe, Marella Caracciolo, deveriam ter ficado com a parte que estava originalmente destinada a Edoardo, e não repassado essa fatia diretamente a Elkann.
Apesar de já ter herdado cerca de 1,2 bilhão de euros após a morte do pai, Margherita quer uma fatia maior da herança para beneficiar também seus cinco filhos do segundo casamento.
O foco agora recai sobre a validade do acordo firmado em 2004, no qual ela renunciou formalmente à participação no capital da Dicembre.
Os representantes legais de John Elkann afirmam que esse novo manuscrito não altera em nada os termos acertados naquele acordo de 2004, que selou a divisão do espólio de Gianni Agnelli.
Para eles, o assunto está encerrado há mais de duas décadas, e não há base legal para reabrir a discussão.
A disputa promete se arrastar por mais tempo, reacendendo os holofotes sobre a dinastia Agnelli, uma das famílias mais influentes da Itália.
Mais do que uma briga por cifras, o caso pode ter desdobramentos que vão além do ambiente familiar, afetando o comando de empresas que representam a espinha dorsal da indústria automotiva europeia.
[Fonte: Reuters]
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