A Fiat enfrenta uma crise profunda, com vendas enfraquecidas e uma participação de mercado em queda acentuada na Europa.
Embora o CEO da Stellantis, Carlos Tavares, tenha prometido revisar as marcas com desempenho abaixo do esperado, é a Fiat que se destaca como a marca mais ameaçada do grupo.
Na Itália, seu mercado doméstico, a Fiat registrou menos de 9.200 vendas em outubro, ficando atrás de Volkswagen e Toyota.
Esse número dependeu fortemente do Fiat Panda, um modelo antigo que sozinho representou 7.052 dessas vendas. Sem ele, a marca cairia para o 19º lugar no mercado italiano.
A participação da Fiat no mercado europeu até setembro caiu para 3%, comparado a 3,5% no mesmo período de 2023, e a queda foi ainda mais brusca no último trimestre.
O fim da produção do híbrido leve 500 fabricado na Polônia e o desempenho fraco do novo Fiat 600 contribuíram para a queda. Embora a Fiat planeje lançar um novo 500 híbrido baseado na plataforma do 500e elétrico, ele só chegará ao mercado em 2026, deixando uma lacuna significativa até lá.
A situação da Fiat é resultado de decisões de longo prazo e problemas estruturais.
Sob a gestão de Sergio Marchionne, a Fiat abandonou o segmento de carros pequenos, onde historicamente era uma das líderes na Europa.
Em vez de dar continuidade ao bem-sucedido Grande Punto, Marchionne apostou na criação de uma submarca baseada no Fiat 500, inspirando-se na estratégia da BMW com o Mini.
No entanto, essa aposta não se traduziu em vendas fortes: nem o 500L nem o 500X conquistaram popularidade.
A Fiat 600, que mistura o estilo de um SUV compacto com elementos do 500, vendeu apenas 1.230 unidades em outubro na Itália, muito abaixo das quase 4.600 vendas de seu “irmão” Jeep Avenger, montado na mesma plataforma.
A marca também enfrenta concorrência de outros modelos compactos, como Toyota Yaris, Renault Clio e Peugeot 208, que dominam o mercado europeu de carros pequenos.
Mesmo com a ameaça na Europa, a Fiat permanece líder de mercado no Brasil, onde vendeu 207.433 carros até setembro — número próximo às 239.011 unidades vendidas em toda a União Europeia.
No entanto, o mercado europeu, altamente competitivo e com a pressão de marcas chinesas, exige que a Fiat redefina sua identidade e ofereça produtos atraentes.
A próxima geração de modelos da Fiat, que usará a plataforma Smart Car da Stellantis, é uma esperança para revitalizar a marca.
O Grande Panda, um pequeno modelo diferenciado dos demais veículos da plataforma, pode trazer um novo fôlego. Porém, se não for mais bem-sucedido do que o Fiat 600, a Fiat pode enfrentar uma revisão crítica e potencial risco de venda ou reestruturação dentro da Stellantis.
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