
Pela primeira vez em mais de dez anos, a China deixou os veículos elétricos fora de sua lista de indústrias estratégicas no novo plano de desenvolvimento econômico para 2026 a 2030.
A decisão surpreendeu o setor automotivo global, já que os EVs vinham sendo apontados como motores do crescimento industrial chinês desde o início da década passada.
A categoria de “novos veículos de energia”, que inclui elétricos puros, híbridos plug-in e modelos a célula de combustível, havia sido incluída nos últimos três planos quinquenais.
Esses documentos servem como base para o direcionamento econômico e tecnológico do país e, ao longo dos anos, foram fundamentais para impulsionar os subsídios bilionários oferecidos por Pequim e governos locais às fabricantes de EVs.
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Foi graças a essa política que a China se tornou líder mundial tanto em vendas de veículos elétricos quanto na cadeia produtiva envolvida na sua fabricação.
Mas o novo plano, divulgado pela agência estatal Xinhua, redireciona o foco para áreas como tecnologia quântica, biofabricação, energia de hidrogênio e fusão nuclear.
No lugar dos EVs, o setor automotivo foi mencionado apenas de forma genérica, ao lado do setor habitacional, com um apelo do governo para a retirada de restrições de compra e estímulo ao consumo interno.
O plano completo só será publicado oficialmente durante a reunião parlamentar marcada para março do próximo ano.

A decisão surge num momento em que o mercado interno chinês de veículos elétricos enfrenta saturação, guerra de preços e excesso de concorrência entre dezenas de marcas.
Xi Jinping, presidente da China, alertou recentemente para os riscos de um desenvolvimento desordenado, pedindo que províncias evitem repetir os mesmos investimentos em tecnologias “da moda”.
Segundo o líder chinês, é necessário “agir com racionalidade, sem se jogar de cabeça em todas as novas iniciativas produtivas”.
A crítica velada atinge diretamente o cenário atual em que cidades sem tradição automotiva, como Hefei e Xi’an, transformaram-se em polos de produção de EVs após receberem incentivos locais.

Desde o início da ofensiva elétrica em 2009, praticamente todas as regiões da China passaram a disputar espaço nesse setor em franca expansão.
Agora, com o mercado interno saturado e as exportações sob pressão devido às crescentes tensões comerciais com o Ocidente, o governo parece reposicionar suas prioridades.
Enquanto países como Estados Unidos e membros da União Europeia discutem barreiras comerciais para conter o avanço dos EVs chineses, a mudança de postura de Pequim pode representar um ponto de inflexão.
Especialistas já apontam que a retirada dos EVs do plano quinquenal pode sinalizar uma nova fase de retração e consolidação no setor automotivo chinês.
Mesmo com a liderança tecnológica conquistada, a China dá sinais de que está pronta para desacelerar sua aposta no carro elétrico como símbolo de inovação econômica.
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