O sonho do carro novo está ficando cada vez mais distante para os norte-americanos, e isso não é apenas uma impressão.
Os dados mais recentes mostram um cenário preocupante: nunca tantos consumidores pagaram parcelas tão altas nem financiaram seus veículos por tanto tempo.
O resultado? Uma verdadeira bola de neve de dívidas que se estende até 2032 para quem compra um automóvel hoje.
Segundo levantamento publicado pelo Detroit Free Press, 19,3% dos compradores de carros novos nos Estados Unidos estão pagando mensalidades acima de US$ 1.000, o equivalente a mais de R$ 5.500 por mês.
É praticamente um em cada cinco consumidores. Esse número é ainda mais impressionante quando se observa que há um ano a proporção era de 17,8%.
O valor médio das parcelas também subiu, chegando a US$ 756 por mês — R$ 4.200 —, um aumento de US$ 16 em relação ao mesmo período de 2024.
A solução encontrada por muitos tem sido alongar o financiamento ao máximo. Os empréstimos com prazos de 84 meses ou mais, ou seja, sete anos ou mais, atingiram um recorde histórico: 22,4% dos financiamentos feitos no segundo trimestre seguiram esse formato.
Há um ano, eram 17,6%. Ou seja, há uma corrida crescente por prazos longos, mesmo que isso signifique pagar muito mais no final do contrato.
Não para por aí. O valor médio financiado também bateu recorde, atingindo US$ 42.400 — cerca de R$ 240 mil. A média geral dos financiamentos está em 69,8 meses, com juros anuais de 7,2%.
Apesar da ligeira queda de 0,1 ponto percentual nos juros, o número de meses aumentou, o que, na prática, encarece ainda mais o custo total.
Ivan Drury, diretor de insights da consultoria Edmunds, explica que os compradores estão recorrendo às poucas ferramentas disponíveis para tornar os pagamentos possíveis: menos entrada, mais parcelas e financiamentos maiores.
Mas ele alerta: essas decisões podem parecer viáveis no curto prazo, mas elevam significativamente o custo final do carro.
E o cenário para veículos usados não é muito diferente. O prazo médio dos financiamentos também gira em torno de 70 meses, com uma taxa de juros de 10,9% e parcela média de US$ 559 — aproximadamente R$ 3.100.
O valor médio financiado subiu quase mil dólares, chegando a US$ 29.080.
Histórias de terror no financiamento automotivo não faltam. Há quem esteja atolado em dívidas com financiamentos de quase 30% ao ano, ou que esteja pagando parcelas absurdas por modelos como o Hummer EV e o Kia EV9.
Situações extremas que revelam uma crise de acessibilidade, mesmo em um país onde comprar carro sempre foi sinônimo de liberdade.
A conclusão é direta: o mercado automotivo americano está enfrentando um colapso silencioso. Carros cada vez mais caros, somados a juros elevados e prazos irreais, criam uma armadilha financeira que prende consumidores por quase uma década.
E o alerta vale para o mundo todo. Comprar carro, hoje, exige muito mais do que vontade. Exige cautela, planejamento e, principalmente, saber a hora de dizer não.
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