
Se você achava que a onda de furtos envolvendo os chamados “Kia Boys” já era preocupante, prepare-se para o próximo capítulo — e ele envolve tecnologia, hackers e um gadget de aparência inocente.
Trata-se do Flipper Zero, um dispositivo de US$ 199 originalmente criado para testes de hardware e segurança digital, mas que agora está sendo usado para destravar carros de forma ilegal, sem a necessidade de chave presencial ou arrombamento tradicional.
A denúncia partiu de uma reportagem do site investigativo 404 Media, que conversou com hackers e especialistas em segurança digital para entender como esse aparelho virou ferramenta de invasão automotiva.
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Um dos entrevistados foi Daniel, hacker russo responsável pelo desenvolvimento do firmware modificado chamado “Unleashed”, que libera o potencial completo do Flipper Zero para executar ataques RFID, USB e outros.

Com essa modificação, o gadget se transforma em uma espécie de chave digital genérica.
Ele pode, segundo o próprio Daniel, criar uma cópia sombra da chave original, permitindo abrir portas de veículos de marcas como Kia, Hyundai, Ford, Honda, Subaru, Volkswagen, entre muitas outras. Uma tabela divulgada em vídeo lista quase 200 modelos vulneráveis à técnica.
Embora o aparelho ainda não permita ligar o carro, o simples fato de abrir portas já representa um risco enorme: acesso ao interior do veículo, roubo de objetos, adulteração ou até instalação de dispositivos maliciosos.
E como o Flipper Zero é um dispositivo de venda legal e amplamente acessível, o potencial de disseminação desse uso criminoso é enorme.

A popularização desse tipo de ataque vem na esteira da decadência dos “Kia Boys”, grupo que ficou conhecido por explorar falhas em sistemas de segurança simplificados de carros Hyundai e Kia, permitindo furtos com cabos USB.
Agora, com ferramentas mais sofisticadas como o Flipper, o problema se torna mais silencioso, mais tecnológico e ainda mais difícil de rastrear.
O hacker Daniel afirma já ter vendido seu firmware para mais de 150 clientes, incluindo supostos chaveiros e donos de oficinas. Os pacotes são vendidos por valores entre US$ 600 e US$ 1.000, dependendo do suporte e das atualizações incluídas.
Ele trabalha com outro hacker identificado como Derrow, que revelou: “Alguns carros, como Kia, não usam nenhuma proteção. Outros exigem conhecimento do código-fonte, mas também são vulneráveis.”

O alerta final vem de especialistas em engenharia reversa, como Cody Kociemba (Trikk), que resumiu bem o cenário: “Os Kia Boys vão se tornar os Flipper Boys até 2026”.
Enquanto isso, montadoras ainda tentam entender como conter a ameaça.
E os proprietários? Ficam à mercê de um novo tipo de ladrão, que não precisa de força, nem de quebrar vidros — só de Wi-Fi e firmware pirateado. Estamos vendo nascer uma nova era do crime automotivo: o furto digital portátil.
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