
Durante muito tempo, as gigantes tradicionais do setor automotivo trataram a ascensão das marcas chinesas como algo distante, quase irrelevante.
Enquanto o mundo via a China revolucionar a tecnologia com celulares e inteligência artificial, boa parte da indústria automobilística ignorava o barulho vindo do outro lado do planeta.
Agora, o cenário mudou — e o alerta mais recente veio de quem está no comando de uma das montadoras mais emblemáticas dos Estados Unidos.
Jim Farley, CEO da Ford, não mede palavras ao reconhecer a superioridade dos chineses quando o assunto são os veículos elétricos.
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Ele afirma que o avanço das marcas da China representa uma ameaça muito mais séria do que o crescimento japonês nos anos 1980, que já havia abalado profundamente o setor americano.
Farley chega a dizer que essa nova ofensiva está “turbinada”, com potencial de colocar todas as montadoras dos EUA fora do mercado, em entrevista para o Business Insider.
De acordo com ele, só a capacidade produtiva atual das fábricas chinesas já seria suficiente para abastecer toda a América do Norte.
A analogia com o passado é inevitável: nos anos 80, o governo Reagan precisou intervir para conter a avalanche de importações japonesas, limitando as exportações para proteger as marcas locais.
Desta vez, porém, o risco não é apenas de volume, mas também de tecnologia.
Farley chegou a usar diariamente um Xiaomi SU7 — não como provocação, mas por verdadeiro respeito à qualidade do modelo.
Para o executivo, marcas como Xiaomi e Huawei colocaram os EVs em outro patamar, principalmente no quesito conectividade e experiência digital dentro do carro.
Segundo ele, nos carros chineses, basta entrar que o veículo já reconhece o usuário e conecta sua vida digital sem esforço, algo que as montadoras ocidentais ainda estão longe de alcançar.
Farley destaca que os chineses não estão apenas liderando no segmento de EVs: eles estão dominando o jogo inteiro.
Apesar das barreiras comerciais ainda impedirem que os EVs chineses sejam vendidos nos Estados Unidos, a Ford — como marca global — sabe que não pode se esconder atrás das fronteiras.
A preocupação aumenta diante da queda recente na demanda por EVs no mercado americano, impulsionada pelo fim de incentivos como o crédito fiscal de US$ 7.500, revogado durante o governo Trump.
Mesmo assim, o CEO acredita que essa desaceleração será passageira e que a adoção dos EVs crescerá assim que os preços caírem e a população perceber os avanços da tecnologia.
Hoje, os EVs representam cerca de 5% das vendas nos Estados Unidos, mas a expectativa é que esse número aumente de forma significativa nos próximos anos.
Para Farley, o tempo está se esgotando: se as montadoras americanas não reagirem rápido, o futuro do setor poderá estar, literalmente, nas mãos dos chineses.
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