
A Ford vive um momento delicado em sua operação europeia.
Depois de anunciar no ano passado a eliminação de 4 mil postos de trabalho no continente, agora a montadora sinaliza que até 1.000 funcionários podem perder seus empregos na fábrica de Colônia, na Alemanha, dedicada à produção dos modelos Capri e Explorer elétricos.
Esses dois carros, derivados diretamente dos Volkswagen ID.4 e ID.5, não conseguiram convencer o público europeu.
O Capri, em especial, já nasceu com a pecha de aposta equivocada, sendo uma releitura pouco inspirada de um produto que já era considerado de nicho. O resultado é um acúmulo de estoque e queda na demanda.
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A empresa reconheceu em comunicado que as vendas de EVs ficaram “significativamente abaixo das previsões da indústria”.
A Ford também citou como agravantes as mudanças regulatórias, a lentidão na expansão da infraestrutura de recarga e a retirada de subsídios em alguns países, fatores que tornaram os elétricos menos atrativos para consumidores.
Com isso, a fábrica de Colônia passará a operar em apenas um turno a partir de janeiro, sinal claro de encolhimento da produção.
Para lidar com o excedente de mão de obra, a empresa pretende oferecer pacotes de desligamento voluntário e planos de incentivo à saída, mas já admite que parte dos empregados terá de ser dispensada.

O impacto é significativo: os cortes podem atingir 25% da força de trabalho local, que hoje soma pouco mais de 4 mil funcionários.
O clima entre os trabalhadores é de incerteza, já que a promessa de estabilidade com a transição elétrica agora se mostra frágil diante da realidade do mercado.
Esse novo revés também expõe falhas estratégicas. Enquanto concorrentes europeus investem em identidade própria e modelos mais competitivos, a Ford preferiu acelerar lançamentos com base em plataformas da Volkswagen.
O atalho, no entanto, resultou em carros que carecem de personalidade e não despertam desejo no consumidor.

A situação reforça a distância entre discurso e prática. Há pouco tempo, a Ford prometia eletrificar totalmente sua linha europeia até 2030.
Hoje, não só recua desse compromisso como encara dificuldades para manter relevância num mercado que avança rapidamente, mas exige produtos mais consistentes e diferenciados.
No fim das contas, a aposta mal calculada da Ford deixa em risco não apenas sua imagem no continente, mas principalmente os empregos e a confiança de milhares de trabalhadores que viam no “centro elétrico” de Colônia um símbolo do futuro.

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