A Ford está prestes a dar um passo ousado para retomar seu espaço no mercado europeu com o lançamento de um novo SUV compacto previsto para 2027.
O modelo, que promete ocupar o vácuo deixado pela aposentadoria do Focus, será produzido na fábrica de Valência, na Espanha, e terá versões híbridas e totalmente elétricas.
É uma virada estratégica da montadora após o fracasso da tentativa de eletrificação total na Europa.
A mudança acontece em um momento crítico. Com o fim do Fiesta em 2023 e o encerramento da produção do Focus em novembro deste ano, a Ford se viu com uma linha de carros cada vez mais cara no continente.
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Enquanto modelos como o Explorer elétrico passam dos £40 mil, a empresa quer voltar a disputar o mercado de massa — algo que não faz desde seus dias de glória nos anos 1990, quando Fiesta, Escort e Mondeo dominavam as vendas.
O novo crossover terá dimensões semelhantes ao Kuga, com o qual compartilhará linha de montagem em Valência.
No entanto, será posicionado de forma distinta, oferecendo motorizações híbridas, elétricas e possivelmente até uma configuração com extensor de autonomia — tecnologia que a Ford confirmou estar desenvolvendo para atender à baixa demanda por elétricos puros em certos mercados.
A decisão de apostar em um modelo multi-energia tem como objetivo atrair um público mais amplo, especialmente agora que os planos de eletrificação total até 2030 foram desacelerados.
O próprio Bill Ford, presidente da montadora, admitiu recentemente que os reguladores se adiantaram ao comportamento real do consumidor, forçando uma transição elétrica mais rápida do que a aceitação do mercado permitiria.
Segundo ele, “os clientes querem o que querem, e é nosso trabalho entregar isso.” Com isso, a Ford quer oferecer opções variadas, mantendo os motores a combustão enquanto expande seu portfólio de EVs.
Esse novo SUV será construído sobre a plataforma C2 — a mesma do Focus — que ainda não acomodou uma motorização 100% elétrica, mas deve receber essa adaptação.
Isso permitirá custos mais baixos de produção, algo essencial para competir com modelos como Volkswagen Tiguan, Kia Sportage e Hyundai Tucson.
A expectativa é que o novo modelo tenha preço inicial na faixa de £30 mil a £35 mil, posicionando-se entre o Puma Gen-E (cerca de £26 mil) e o Explorer.
Ao mesmo tempo, a Ford avança com planos paralelos nos Estados Unidos. A partir de 2027, lançará uma nova linha de EVs acessíveis, produzidos na nova fábrica em Kentucky.
Lá, usará a plataforma Universal EV (UEVP) com um processo produtivo revolucionário: em vez da tradicional linha de montagem linear, a empresa criará um “sistema de montagem em árvore” que promete reduzir em 40% o número de estações de trabalho e cortar o tempo de produção em 15%.
Se a iniciativa americana for bem-sucedida, a expectativa é que esse novo modelo de produção seja adotado também nas fábricas da Europa.
Isso permitiria reduzir os custos das plantas da Romênia, Espanha e Alemanha, tornando os carros mais baratos e competitivos para o consumidor europeu.
A Ford ainda não confirmou o nome do novo modelo, mas especula-se que poderá reviver nomes históricos como Focus, Zephyr, Granada ou até Cortina.
Seja qual for o nome escolhido, o objetivo é claro: reconquistar o consumidor europeu com um carro mais acessível, versátil e alinhado à realidade do mercado atual. E, quem sabe, voltar a brigar pelo protagonismo que já teve no continente.
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