
A Ford anunciou uma reestruturação profunda em sua estratégia global, com impacto direto em seus planos para veículos elétricos e um prejuízo contábil estimado em cerca de US$ 19,5 bilhões (aproximadamente R$ 95 bilhões).
A montadora de Detroit revelou que a maior parte dessas perdas será registrada ainda no quarto trimestre de 2025, com mais US$ 5,5 bilhões (R$ 27 bilhões) sendo desembolsados em dinheiro até 2027 — e a maior parte desse valor já prevista para 2026.
Os impactos afetam os resultados líquidos da companhia, mas não suas métricas ajustadas de lucro operacional.
A empresa também atualizou suas projeções e espera registrar US$ 7 bilhões em lucro ajustado antes de juros e impostos (EBIT) em 2025 — número que marca uma recuperação em relação à previsão mais conservadora de até US$ 6,5 bilhões feita em outubro.
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Entre os destaques negativos está um prejuízo de US$ 8,5 bilhões relacionado à baixa contábil de ativos ligados aos veículos 100% elétricos, reflexo direto da nova orientação de negócios da empresa.
A Ford decidiu abandonar o desenvolvimento de uma nova geração de picapes grandes totalmente elétricas, redirecionando os esforços para modelos menores, mais eficientes e acessíveis — além de reforçar os investimentos em híbridos e híbridos plug-in.
O F-150 Lightning, modelo símbolo da eletrificação da Ford, será transformado em um veículo elétrico de autonomia estendida (EREV), que combina um motor elétrico com um gerador a gasolina.
A companhia também anunciou que as fábricas de baterias no Kentucky e em Michigan passarão a produzir sistemas de armazenamento estacionário de energia, mirando mercados como data centers e infraestrutura de rede elétrica.
Com essa mudança, a divisão de elétricos da Ford, chamada Model e, deve se tornar lucrativa apenas em 2029, com os primeiros sinais de melhora previstos para 2026.
A nova estratégia está alinhada ao plano “Ford+”, lançado pelo CEO Jim Farley em 2021, e que vem sendo ajustado desde então para responder às mudanças no mercado e ao esfriamento da demanda por EVs nos Estados Unidos.
Segundo a empresa, o objetivo é refletir os desejos reais dos consumidores e tornar o negócio mais resiliente e rentável.
Andrew Frick, presidente das divisões Model e e Blue, afirmou que 50% dos veículos da Ford serão híbridos, EREVs ou totalmente elétricos até 2030 — número bem mais ambicioso que os 17% projetados para 2025.
Uma peça-chave nesse reposicionamento é a nova plataforma modular “Universal EV Platform”, pensada para veículos compactos e acessíveis.
O primeiro modelo baseado nela será uma picape média totalmente conectada, produzida na planta de Louisville a partir de 2027.
A aposta da Ford vai além do automóvel: a nova unidade de armazenamento de energia deve começar a operar ainda em 2027, com capacidade de 20 GWh por ano, voltada para setores com alta demanda e crescimento acelerado.
A resposta do mercado foi positiva: as ações da Ford subiram cerca de 2% após o anúncio, encerrando o dia cotadas a US$ 13,65, com alta acumulada de quase 40% em 2025.
A guinada da Ford sinaliza uma mudança importante no cenário automotivo global: menos otimismo com os EVs de alto custo e mais foco em soluções híbridas, escaláveis e rentáveis.
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