
Com uma avalanche de 134 recalls acumulados, as oficinas da Ford estão trabalhando no limite — mas enfrentam um obstáculo ainda maior: a falta de profissionais.
A montadora tem 5.000 vagas abertas para mecânicos nos Estados Unidos e simplesmente não consegue preencher essas posições, mesmo oferecendo salários de até US$ 120 mil por ano, algo que passa de R$ 600 mil na cotação atual.
O valor é quase o dobro da média salarial nacional americana, que gira em torno de US$ 63.800 anuais.
O CEO da empresa, Jim Farley, demonstrou frustração com o cenário durante uma entrevista no podcast Office Hours: Business Edition, onde criticou o desinteresse crescente pelas profissões técnicas.
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Segundo ele, o trabalho exige muito mais do que força física: são necessários anos de treinamento para lidar com sistemas complexos como o motor diesel de uma picape Super Duty.
Farley destacou que tirar um motor desses não é tarefa simples e exige alta qualificação, algo que está cada vez mais raro no mercado.
Além disso, ele criticou a falta de investimento em formação técnica e a negligência com o ensino voltado a profissões práticas.
“Não temos escolas técnicas suficientes, e não estamos investindo na próxima geração de trabalhadores”, disse o executivo.
Ele ainda alertou que a escassez de mão de obra vai além do setor automotivo e atinge áreas vitais como transporte, serviços de emergência, eletricistas, encanadores e operários de fábrica.
“Se entrarmos numa guerra, o Google não vai fabricar aviões ou tanques”, provocou Farley, apontando a dependência crescente da sociedade em setores que hoje enfrentam falta crônica de trabalhadores.
A situação já impacta diretamente os consumidores.
Com poucas mãos disponíveis, os prazos de conserto aumentam, gerando filas, atrasos e insatisfação nas concessionárias.
Relatos de clientes mostram carros parados por semanas à espera de técnicos, enquanto funcionários são remanejados entre diferentes unidades para tentar suprir a demanda.
Segundo o Bureau of Labor Statistics, há uma média de 67.800 vagas por ano para técnicos e mecânicos automotivos até 2033, com um déficit anual de 37 mil profissionais já registrado hoje.
E ao contrário de outras profissões em risco com a chegada da inteligência artificial, essas funções técnicas continuam sendo consideradas essenciais e relativamente protegidas da automação.
A crise, portanto, não se resume ao salário.
Ela expõe uma mudança cultural profunda: o desinteresse das novas gerações por carreiras técnicas, mesmo com boas remunerações e alta demanda.
Para a indústria, o alerta está dado — e não se trata apenas de carros quebrados, mas do risco de um colapso mais amplo em cadeias de produção e serviços essenciais.
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