Depois de anos sem atuar no segmento de veículos acessíveis, a Ford parece finalmente ter entendido o recado.
Para competir no futuro da mobilidade elétrica, vai precisar jogar o mesmo jogo das montadoras chinesas – e isso inclui oferecer preços baixos.
Agora, a fabricante americana revelou detalhes de uma nova plataforma de EVs que promete igualar a estrutura de custos de empresas como BYD e Xiaomi.
O projeto, que começou como uma espécie de “esquadrão secreto”, é liderado por Alan Clarke, ex-engenheiro da Tesla. Hoje, a equipe já conta com cerca de 500 pessoas, muitas delas com passagens por empresas como Rivian, Lucid e até Apple.
O objetivo? Criar uma arquitetura elétrica modular, capaz de servir de base para até oito tipos de carrocerias, incluindo SUVs, picapes médias e até sedãs.
Segundo a vice-presidente de plataformas e sistemas elétricos da Ford, Lisa Drake, a ideia é simples: competir com os chineses no mesmo nível de eficiência, desde os custos de baterias até os sistemas eletrônicos e de refrigeração.
Para isso, a empresa vai utilizar baterias LFP prismáticas licenciadas pela CATL, líder do setor na China, que serão fabricadas em uma nova planta no estado de Michigan.
O primeiro modelo a sair dessa base deve ser uma picape elétrica de porte médio, com pegada semelhante à Ranger.
A previsão é que esse veículo seja apenas o início de uma linha completa, com presença global e potencial para sustentar a estratégia elétrica da Ford por pelo menos uma década.
No entanto, a montadora ainda enfrenta obstáculos. A fábrica de baterias está orçada em US$ 3 bilhões e depende de cerca de US$ 700 milhões em incentivos fiscais federais.
Com a crescente oposição política à transição energética nos Estados Unidos, especialmente por parte do Partido Republicano, esses subsídios podem estar com os dias contados – o que ameaça a viabilidade do projeto.
Enquanto isso, marcas chinesas como BYD e Xiaomi continuam ganhando espaço em mercados internacionais, com EVs baratos, bem equipados e tecnicamente avançados.
O próprio CEO da Ford, Jim Farley, não escondeu a admiração por esses modelos, chegando a elogiar publicamente o Xiaomi SU7.
A Ford quer jogar esse jogo – mas para vencer, vai precisar mostrar que consegue entregar algo que nunca foi seu forte nos últimos tempos: custo baixo, inovação e volume.
A disputa está só começando.
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