
Durante décadas, o freio a tambor foi considerado uma relíquia ultrapassada da indústria automotiva.
Conhecido por seu desempenho inferior ao dos discos, especialmente sob uso intenso, ele foi gradualmente aposentado dos carros de passeio — sobrevivendo apenas em modelos de entrada ou compactos de baixa potência.
No entanto, com as novas regras ambientais europeias, esse sistema desacreditado pode estar prestes a fazer um retorno surpreendente.
A virada vem com a regulamentação Euro 7, prevista para entrar em vigor em novembro de 2026.
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Embora as exigências para emissões de escapamento tenham sido suavizadas após pressão da indústria, o foco das autoridades agora está voltado para fontes alternativas de poluição, como o desgaste de pneus e, principalmente, dos freios.

O problema é mais sério do que parece: partículas finas liberadas pelo atrito entre disco e pastilha são consideradas altamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Estudos recentes indicam que a poeira dos freios pode ser até mais tóxica que a de motores a diesel.
Isso levou montadoras e fabricantes de autopeças a correrem atrás de soluções, como revestimentos especiais em discos, pastilhas com menor desgaste e até o uso de materiais nobres como o carbono — comuns em supercarros, mas caros demais para o uso em massa.
É aqui que o velho freio a tambor entra em cena.
Apesar de seu histórico de superaquecimento e “fade” em descidas longas, ele tem uma característica que agrada aos reguladores: o sistema é fechado, o que ajuda a conter a poeira gerada pelo atrito interno. Ou seja, menos partículas escapando para o meio ambiente.

Além disso, os freios a tambor oferecem vantagens econômicas e práticas: custam menos para produzir, pesam menos e geram menor arrasto quando não estão em uso.
Para veículos elétricos e híbridos, que já utilizam frenagem regenerativa e dependem menos do sistema tradicional de freio, o tambor pode ser uma escolha viável — especialmente no eixo traseiro.
Marcas como a Volkswagen já adotaram essa abordagem nos modelos ID.3 e ID.4, inclusive em versões mais potentes como a GTX. E, segundo a fabricante de autopeças Tenneco, o declínio na demanda por tambores vem desacelerando — sinal de que a indústria pode estar repensando o assunto.
O retorno do tambor pode até parecer um retrocesso técnico, mas num cenário onde sustentabilidade e emissões estão no centro das decisões regulatórias, essa “tecnologia esquecida” pode acabar sendo uma solução inesperada.
Na corrida por um futuro mais limpo, nem sempre a inovação vem do novo — às vezes, ela ressurge do passado.
[Fonte: BBC]
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