
A promessa de que o home office seria uma mudança definitiva virou motivo de revolta entre os funcionários da Ford.
Com o fim da pandemia ficando cada vez mais longe, a montadora americana decidiu impor uma volta parcial ao trabalho presencial.
A medida, no entanto, não caiu bem entre os colaboradores, e agora a insatisfação saiu dos bastidores para se tornar pública de forma inesperada: telas internas da empresa foram invadidas com mensagens ofensivas contra a política de retorno ao escritório.
O episódio veio à tona após uma postagem no Reddit que mostra imagens de uma sala de reuniões da Ford com o rosto do CEO Jim Farley coberto por um círculo vermelho com a palavra “F**ck RTO”, sigla para “return to office” (retorno ao escritório).
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A foto teria sido enviada por um funcionário da própria empresa, que alegou que todos os painéis do prédio exibiram a mesma mensagem, em um protesto silencioso — mas bastante visível — contra a nova política de presença obrigatória.

A situação parece ainda mais séria do que se imaginava inicialmente.
Segundo informações vazadas por funcionários, não foram apenas os escritórios da sede que sofreram com o ataque: departamentos como Ford Racing e Roush também foram atingidos.
Um funcionário anônimo relatou que o nível de insatisfação varia bastante, mas é real.
“Alguns compraram casas mais distantes, outros tiveram filhos, adotaram animais. A empresa prometeu que o trabalho remoto seria permanente. Muita gente reorganizou a vida com base nisso. Agora mudam tudo de novo, e isso tem consequências reais”, afirmou o colaborador.
Desde junho, a Ford passou a exigir que seus funcionários administrativos trabalhem no escritório quatro dias por semana.
A empresa afirmou que essa mudança é necessária para acelerar sua transformação em uma companhia mais ágil, com margens melhores e crescimento mais sólido.
Segundo o porta-voz, “muitos funcionários já vinham trabalhando presencialmente três ou mais dias por semana”. Mas o acréscimo de um dia e a imposição oficial do modelo não foram bem digeridos.
O protesto levanta uma questão importante: o quanto as empresas podem retroceder após prometerem flexibilidade no auge da pandemia?
A Ford, inclusive, está construindo uma nova sede corporativa com tecnologia de ponta para atrair novos talentos e reforçar sua imagem de modernidade. Mas a reação interna mostra que a estratégia pode estar falhando justamente com quem já está na casa.
Para muitos, o retorno forçado representa mais do que apenas a perda da comodidade de trabalhar de casa.
É também uma quebra de confiança, especialmente após anos de discursos que celebravam a autonomia, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e o futuro do trabalho remoto.
Resta saber se a empresa vai dialogar com os funcionários ou se os próximos protestos virão ainda mais fortes — e talvez menos silenciosos.
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