A Porsche decidiu recuar parcialmente na corrida elétrica.
Durante sua Assembleia Geral Anual, realizada nesta semana, a marca alemã confirmou uma mudança importante na sua estratégia: a transição para veículos totalmente elétricos será mais gradual do que o previsto.
Em vez de focar apenas nos EVs, a empresa irá manter opções a gasolina e híbridas plug-in em todos os seus segmentos até pelo menos a década de 2030.
O CEO Oliver Blume foi direto ao dizer que os consumidores continuarão tendo escolha, incluindo motores a combustão, sistemas híbridos e opções 100% elétricas.
Com isso, modelos emblemáticos como o 911 devem manter o motor a combustão por muitos anos.
Embora um 911 elétrico esteja fora dos planos, Blume prometeu algo empolgante para o segmento esportivo, mesmo que o lançamento do 718 elétrico, previsto para 2026, tenha sido adiado para 2027 por problemas na cadeia de fornecimento de baterias.
A nova abordagem não se limita à coexistência entre combustíveis.
A Porsche também pretende expandir sua linha com modelos inéditos movidos a gasolina e híbridos plug-in, que serão vendidos paralelamente aos elétricos.
Um dos exemplos é um novo SUV que será posicionado no mesmo segmento do Macan, mas com motor a combustão.
Este novo modelo não usará o nome Macan, já que esse será reservado exclusivamente para a versão elétrica de segunda geração, com previsão de início de produção para o ano que vem, encerrando de vez o ciclo da geração atual a gasolina.
Outro exemplo é o Cayenne, SUV mais vendido da marca, que terá versões a gasolina, híbridas e elétricas coexistindo no portfólio. A empresa já confirmou o desenvolvimento de um novo motor V8 que será oferecido no Cayenne por mais uma década.
Essa mudança de direção tem um preço. A Porsche informou que esse reposicionamento estratégico custará cerca de 1,3 bilhão de euros (aproximadamente US$ 1,5 bilhão) no exercício financeiro de 2025.
O impacto é reflexo direto da desaceleração na demanda por EVs, especialmente no segmento premium, onde o crescimento não foi tão explosivo quanto o previsto há alguns anos.
A marca, que antes tinha como meta alcançar 80% de participação de elétricos até o fim da década, agora diz que suas metas serão baseadas na demanda real dos consumidores.
Em mercados como os Estados Unidos e China, onde a procura por elétricos caiu, isso significa manter e até ampliar as ofertas com motor a combustão.
Além disso, a Porsche enfrentará outros desafios, como as tarifas de importação da administração Trump e a queda nas vendas na China, seu maior mercado, que recuaram 28% em 2024.
Para lidar com os custos crescentes e proteger a rentabilidade, a montadora também anunciou, ainda em março, a redução de cerca de 3.900 postos de trabalho até 2029.
O corte será feito, na medida do possível, por meio de aposentadorias, programas voluntários e encerramento de contratos temporários.
Mesmo diante da pressão por eletrificação e sustentabilidade, a Porsche prefere adotar uma estratégia mais cautelosa e centrada no desejo do consumidor, mantendo viva sua herança esportiva e a excelência mecânica que a consagrou mundialmente.
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