
A General Motors deu início a uma das mudanças mais drásticas de sua história recente: obrigar milhares de fornecedores a eliminarem peças e matérias-primas de origem chinesa até, no máximo, 2027.
A decisão reflete uma crescente frustração da indústria automotiva com a instabilidade geopolítica e os riscos que ela impõe às cadeias globais de produção.
Segundo fontes próximas ao assunto que conversaram com a agência Reuters, a montadora americana vem orientando suas fornecedoras desde o fim de 2024 a procurar alternativas à China.
O alerta se intensificou nos últimos meses, em meio ao agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
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Executivos da GM afirmam que a medida faz parte de uma estratégia maior para garantir maior “resiliência” na cadeia de suprimentos.
Isso significa reduzir a dependência de países considerados sensíveis do ponto de vista político e comercial, como a própria China, além de Rússia e Venezuela.
Mesmo com alguns alívios pontuais nas tarifas entre os dois gigantes, a tensão se mantém alta e o setor automotivo, altamente integrado e com planejamento de longo prazo, já está em modo de contenção de danos.
O foco da mudança são os veículos produzidos na América do Norte, onde a GM concentra a maior parte de sua produção global.
A preferência é por fornecedores com base nos próprios EUA, Canadá ou México — mas também há abertura para opções fora da China, mesmo que sejam de outros países asiáticos.
A companhia já vinha tomando medidas nessa direção.
A GM investiu em uma mina de lítio em Nevada e firmou parceria com uma empresa americana de terras raras para garantir o abastecimento de materiais estratégicos para baterias e chips.
Agora, o plano vai além dos insumos de alto valor tecnológico: cobre também componentes básicos e estruturais.
Shilpan Amin, chefe de compras globais da GM, declarou recentemente que a empresa está deixando de priorizar apenas o menor custo possível. O foco agora é ter mais controle e previsibilidade sobre a origem de cada item.
“A resiliência é essencial. Precisamos saber exatamente o que vem de onde”, afirmou.
Nos bastidores, fornecedores admitem que a pressão da GM gerou correria e apreensão.
Muitos setores da indústria automotiva, como iluminação, eletrônica embarcada e ferramentarias, são hoje amplamente dominados por empresas chinesas. Desfazer essa teia construída ao longo de 20 ou 30 anos em apenas alguns anos é considerado um desafio colossal.
Segundo um executivo do setor de autopeças, o esforço exigido é enorme e não há garantias de que alternativas viáveis estejam disponíveis em curto prazo.
Além das tarifas imprevisíveis do governo americano, a instabilidade vinda da própria China também pesa.
Nos últimos meses, Pequim restringiu a exportação de materiais com terras raras — essenciais em componentes eletrônicos — e suspendeu os embarques da fornecedora de chips Nexperia, após uma disputa com autoridades holandesas.
Esses episódios acenderam alertas vermelhos em várias montadoras, que agora correm para estocar peças e evitar paralisações.
Mesmo com os riscos evidentes, redesenhar toda uma cadeia de fornecimento global leva tempo, exige investimentos altos e, muitas vezes, depende de tecnologias que só existem — por enquanto — dentro da China.
Como aponta Collin Shaw, presidente da associação MEMA, que representa os fornecedores do setor automotivo: “Estamos tentando desfazer em poucos anos uma dependência que levou décadas para ser construída.”
A GM, ao que tudo indica, está disposta a liderar esse movimento — mesmo sabendo que o caminho será longo, custoso e cheio de obstáculos.
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