Enquanto boa parte da indústria automobilística acelera rumo à eletrificação total, a General Motors parece estar indo na contramão.
A montadora americana está investindo bilhões de dólares apenas na infraestrutura necessária para produzir uma nova geração do seu motor V8 — algo que começará a sair do papel apenas em 2027.
Para muitos, isso soa como um contrassenso, afinal, não era para os motores a combustão estarem com os dias contados?
Seja como for, a GM tem uma resposta direta: os clientes ainda querem motores V8. E mais do que isso, estão comprando.
Cerca de metade dos compradores do Chevrolet Silverado 1500 optam por uma das versões V8 oferecidas, com destaque para o 5.3 litros, presente em 42% das vendas.
O 6.2 litros responde por outros 8%. Números expressivos, especialmente quando comparados com o concorrente Ford F-150, em que apenas um quarto dos clientes escolhem o motor V8 disponível.
Esse apelo pelo tradicional motor de oito cilindros não se limita às picapes. Modelos como Tahoe, Suburban, Yukon e Escalade seguem com forte demanda nos EUA — todos com motores V8 como padrão ou opção.
Ao contrário dos rivais que se renderam aos V6 turbinados ou até aos híbridos, a GM mantém sua receita clássica: motores aspirados, sem turbos, com comando simples, que entregam potência sólida e custos de produção significativamente menores.
Há ainda um fator econômico relevante nessa equação. Apesar de ter investido pesado no desenvolvimento de modelos elétricos como o Silverado EV e o Hummer EV, as vendas ficaram bem abaixo do esperado.
Nesse cenário de incerteza no mercado de elétricos e de consumidores ainda relutantes em abandonar a combustão, apostar em motores mais simples, baratos e de manutenção conhecida se tornou um caminho mais seguro para a GM.
O contraste é ainda mais evidente quando se observa a postura de outras marcas.
A Ram, por exemplo, abandonou o famoso Hemi V8 e passou a oferecer o Hurricane, um seis cilindros turbo que não agradou de imediato.
A repercussão negativa foi tanta que a empresa já fala em trazer de volta o V8 como forma de se redimir com o público.
Com o novo motor V8 programado para começar a ser produzido dentro de dois anos, a GM está reforçando a sua posição de que, ao menos no mercado americano, ainda há muito espaço para o som grave e a força bruta de um V8.
Em tempos de incertezas econômicas, flutuações tecnológicas e apostas nem sempre certeiras em eletrificação, a velha receita da potência tradicional continua sendo, para muitos, a opção mais confiável — e para a GM, uma aposta que ainda rende bons dividendos.
[Fonte: The Drive]
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