
A Autoridade de Concorrência da Itália anunciou na sexta-feira que está investigando quatro grandes montadoras ou grupos de montadoras – BYD, Stellantis, Tesla e Volkswagen – por supostas práticas comerciais desleais relacionadas às informações fornecidas aos consumidores sobre seus veículos elétricos.
Segundo o órgão regulador, as empresas podem ter enganado os clientes ao divulgar dados imprecisos ou incompletos sobre autonomia, degradação da bateria e limitações das garantias oferecidas.
De acordo com a investigação, os sites das montadoras apresentariam informações genéricas e, em alguns casos, contraditórias sobre a autonomia de seus EVs.
O principal problema é que os dados divulgados não deixam claro quais fatores afetam o alcance real dos carros elétricos, como temperaturas extremas, uso do ar-condicionado ou o tipo de trajeto percorrido.

Além disso, a investigação aponta que as montadoras falharam em informar de forma transparente sobre a degradação da capacidade da bateria ao longo do tempo e sobre as condições e limitações das garantias oferecidas.
Muitos consumidores compram EVs acreditando que a autonomia anunciada será consistente ao longo dos anos, sem saber que a bateria naturalmente perde eficiência com o uso.
Como parte da investigação, a autoridade italiana realizou inspeções nas sedes das quatro montadoras na Itália na última quinta-feira, contando com o apoio da Guardia di Finanza, a polícia especializada em crimes financeiros do país.
Caso sejam consideradas culpadas, as empresas poderão ser multadas entre 5.000 e 10 milhões de euros, conforme prevê a legislação de defesa do consumidor da Itália.

A Stellantis afirmou que está cooperando totalmente com as autoridades e forneceu todas as informações necessárias.
Em um comunicado, a empresa destacou que acredita ter fornecido respostas adequadas, precisas e exaustivas e que está comprometida com a transparência e a satisfação dos clientes.
Já BYD e Volkswagen se recusaram a comentar a investigação, enquanto a Tesla ainda não respondeu ao pedido da imprensa.
O caso reforça um problema recorrente no mercado de EVs: a diferença entre as expectativas criadas pelas montadoras e a experiência real dos motoristas.

A autonomia divulgada em testes laboratoriais muitas vezes não reflete as condições do mundo real, levando consumidores a frustrações e dúvidas sobre a viabilidade dos carros elétricos.
Com a crescente adoção dos EVs na Europa e o aumento da concorrência no setor, essa investigação pode pressionar as montadoras a adotar práticas mais transparentes, fornecendo informações mais detalhadas e realistas sobre o desempenho de suas baterias e autonomias.
Resta saber se o caso resultará apenas em multas ou se forçará mudanças concretas nas estratégias de marketing e comunicação das empresas envolvidas.

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