O primeiro trimestre de 2025 marcou uma reviravolta no mercado de carros elétricos.

Enquanto a Tesla viu suas vendas despencarem 13% em relação ao mesmo período do ano passado, com 336.681 unidades entregues globalmente, o Grupo Volkswagen teve um desempenho estelar e viu suas vendas de veículos 100% elétricos saltarem quase 59%, totalizando 216.800 unidades.

Mas é na Europa que a disputa ganha contornos ainda mais simbólicos.

Por lá, as vendas de EVs da Volkswagen mais do que dobraram, crescendo 113% e atingindo 158.100 unidades — um salto impressionante diante das 74.400 registradas no primeiro trimestre de 2024.

Nesse mesmo mercado, a Tesla enfrentou um revés dramático: as entregas na Alemanha, seu maior mercado europeu, despencaram 62%.

Pesquisas recentes indicam que até 94% dos alemães afirmam que não comprariam um Tesla, em grande parte por rejeição à figura polêmica de Elon Musk, que recentemente declarou apoio ao partido de extrema-direita AfD no país.

A combinação entre o desgaste da imagem de Musk e o avanço consistente dos produtos elétricos da Volkswagen parece ter virado o jogo. Os modelos ID.4 e ID.5 foram os líderes de vendas do grupo, com 43.700 unidades.

Na sequência, vieram o ID.3 hatch (28.100), o Audi Q4 e-tron (22.800), o Skoda Enyaq (20.200) e o sedã ID.7 (19.100).

Até mesmo o novato Macan elétrico teve impacto relevante, emplacando 14.200 unidades — o suficiente para impulsionar as vendas de EVs da Porsche em 326% em relação ao mesmo período de 2024.

Nos Estados Unidos, a Volkswagen também conseguiu avanços importantes. As entregas de modelos elétricos cresceram 51%, somando 19.900 unidades. Já na China, o cenário foi inverso: as vendas caíram 37%, somando 25.900 veículos.

Ainda assim, o saldo global foi positivo, ajudado também por um aumento de 15% nas vendas de híbridos plug-in (PHEVs).

No total, o Grupo VW vendeu 2,13 milhões de veículos no mundo todo no primeiro trimestre, um crescimento modesto de 1,4%, mas significativo considerando o contexto atual.

O crescimento das vendas de elétricos e híbridos foi essencial para compensar a queda de 7% nas vendas gerais na China, ainda o maior mercado automotivo do planeta.

Enquanto a Tesla enfrenta uma fase turbulenta, tanto por questões mercadológicas quanto por danos à sua imagem pública, a Volkswagen colhe os frutos de uma estratégia mais discreta, mas eficaz, especialmente na Europa.

A disputa entre as duas gigantes da eletrificação está longe de terminar, mas os números recentes indicam que, pelo menos por enquanto, Wolfsburg tem mais motivos para comemorar do que Austin.