Um dos capítulos mais importantes da história automotiva dos entusiastas chegou ao fim – e de maneira surpreendentemente silenciosa.

O último Volkswagen GTI com câmbio manual foi entregue a um cliente comum em uma concessionária de Montana.

Sem fogos de artifício, sem comunicado oficial da Volkswagen, sem despedida nas linhas de montagem de Wolfsburg. O fim de uma era foi tratado como mais uma entrega qualquer.

Mas, por sorte, o carro caiu nas mãos certas: Jamie Orr, um dos maiores fãs da marca no país, e também um tiktoker.

Orr é praticamente uma lenda entre os “VW lovers. Conhecido por importar modelos exclusivos do mercado europeu, ele também ficou famoso por criar uma versão Harlequin do SUV Atlas e, claro, por sua excentricidade ao transformar garrafas de ketchup da fábrica da Volkswagen em Wolfsburg em troféus para encontros automotivos.

Sua paixão pela marca é tão grande que a própria VW passou a distribuir essas garrafinhas de ketchup como brindes oficiais nos EUA – tudo por causa dele.

Quando soube que o último GTI manual havia sido enviado para a Missoula Volkswagen, em Montana, Orr não pensou duas vezes: dirigiu milhares de quilômetros a partir da Pensilvânia para garantir que o modelo final estivesse em boas mãos.

O carro não foi encomendado sob medida, nem tratado como item de colecionador. Era apenas mais uma unidade da edição GTI 380, alocada à concessionária como qualquer outro carro.

A edição especial GTI 380, anunciada pela Volkswagen em 2023, marcou oficialmente a despedida da transmissão manual no GTI norte-americano.

Voltada exclusivamente para o mercado dos EUA e Canadá, a série trazia visual esportivo com rodas pretas de 19 polegadas herdadas do Golf R 20th Anniversary, suspensão adaptativa de série e pneus de alta performance.

Os modelos S e SE mantinham os bancos em tecido xadrez clássico, enquanto o Autobahn trazia couro. O câmbio? Manual de seis marchas com a icônica manopla em forma de bola de golfe – como manda a tradição dos GTIs.

Apesar do peso simbólico, o último GTI manual veio pintado de preto. Sem cor especial, sem plaqueta numerada, sem destaque algum.

Um fim melancólico para um carro que, desde sua estreia em 1976, ajudou a definir o conceito de hot hatch e encantou gerações de motoristas com sua combinação de desempenho, praticidade e prazer ao volante.

Faltou à Volkswagen um gesto de reconhecimento. Um press release, uma homenagem na linha de produção, qualquer tributo para um dos carros mais icônicos de sua história.

Mas se a marca falhou nesse encerramento, ao menos o destino acertou. Jamie Orr certamente fará jus à história desse GTI final, tratando-o não apenas como um carro, mas como a peça de legado que ele representa.

Assim termina a era do GTI manual nos Estados Unidos: não com um estrondo, mas com uma nota de rodapé – e uma viagem épica até Montana.