
A paciência do governo chinês com a guerra de preços entre fabricantes de carros elétricos chegou ao fim.
Preocupado com o impacto dessa disputa no crescimento econômico do país, o Partido Comunista, liderado por Xi Jinping, está pressionando diretamente as montadoras a encerrarem os descontos agressivos — e já avisou: se elas não tomarem providências, o Estado vai intervir.
A mensagem veio clara após uma série de discursos de Xi, nos quais o presidente criticou duramente o fenômeno conhecido como “involução”: quando empresas gastam cada vez mais para obter retornos cada vez menores.
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Embora tenha se referido a setores como inteligência artificial e tecnologia, fontes ligadas ao governo confirmam que a indústria automotiva, especialmente de EVs, está no centro das atenções.

E não é para menos. O mercado chinês chegou a um ponto em que os preços dos elétricos parecem surreais aos olhos do Ocidente.
Um exemplo: o BYD Seagull (Dolphin Mini), um subcompacto elétrico, é vendido por cerca de ¥55.800 (ou US$ 7.800) na China.
Mas na Europa, onde o mesmo carro é chamado de Dolphin Surf, ele sai por até US$ 26.000. Mesmo com tarifas de importação, a diferença é gritante.
Apesar de gigantes como BYD, Li Auto e Seres conseguirem manter lucratividade, o restante das mais de 50 marcas de elétricos existentes no país luta para sobreviver.

Especialistas afirmam que muitas dessas empresas desaparecerão nos próximos anos. Em abril, o desconto médio no setor foi de 17%, contra apenas 8% no início de 2024 — o que gerou preocupação crescente em Pequim.
Em resposta, o governo chinês estuda mudar as leis de precificação, criando mecanismos que impeçam práticas consideradas “antinaturais” no valor de venda dos carros.
Em paralelo, fabricantes como a BYD foram convocadas para reuniões com autoridades, onde foram alertadas sobre o excesso de produção e a ameaça de colapso por superoferta.
Relatórios indicam que algumas fábricas operam com apenas 2% da capacidade — ou seja, praticamente paradas. A solução para escoar essa produção não está apenas no mercado interno.
Por isso, as exportações de veículos chineses estão crescendo. Hoje, as marcas do país já representam 5,1% dos carros registrados na Europa, e esse número deve aumentar.
O que se desenha é uma nova fase da indústria chinesa de EVs: mais controlada, menos fragmentada e sob maior vigilância do Estado.
Se antes o objetivo era conquistar o mercado a qualquer custo, agora a prioridade é evitar que o setor imploda por excesso de ambição — mesmo que isso signifique sacrificar a liberdade de preços e a diversidade de marcas.
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