Guerra de preços na China: BYD desafia Pequim e arrasta rivais para o abismo com cortes agressivos nos preços

byd e7 oficial 2
byd e7 oficial 2

O mercado automotivo chinês vive uma tempestade perfeita. Cortes agressivos nos preços, fábricas operando com capacidade ociosa e um governo que perdeu o controle estão mergulhando a indústria em um cenário cada vez mais caótico.

A líder do setor, BYD , tem adotado uma postura extremamente agressiva para dominar o mercado, mas mesmo ela já perdeu mais de US$ 21 bilhões em valor de mercado desde maio.

A tentativa do governo de Pequim em conter os danos parece cada vez mais ineficaz. Recentemente, convocou os principais executivos do setor para um encontro na capital e criticou o que chamou de “competição de corrida de ratos”.

A recomendação oficial: não vender carros abaixo do custo e evitar promoções “irracionais”. Só que isso já havia sido tentado antes, sem sucesso. Em 2023, um pacto entre 16 montadoras, incluindo Tesla, BYD e Geely, para coibir os descontos durou apenas dias.

byd song plus 2026
byd song plus 2026

Mesmo com a retração de fabricantes menores, a China ainda utiliza menos da metade da sua capacidade produtiva.

Segundo dados da Gasgoo Automotive Research , a taxa média de utilização em 2024 foi de apenas 49,5%. Essa superprodução, aliada à demanda mais fraca, alimenta uma guerra de preços que ameaça até as montadoras mais consolidadas.

A situação tem impactos em todos os elos da cadeia. Concessionárias de BYD em duas províncias já fecharam as portas desde abril.

Fabricantes como Jiyue, apoiada por Geely e Baidu, reduziram drasticamente a produção pouco mais de um ano após o lançamento de seu primeiro modelo.

byd dolphin surf 2
byd dolphin surf 2

Investidores também desconfiam dos balanços: uma análise da GMT Research sugere que a dívida real da BYD pode ser 11 vezes maior que o número oficial, ultrapassando os US$ 45 bilhões.

Enquanto isso, consumidores chineses hesitam em comprar, temendo que os preços caiam ainda mais nas semanas seguintes. Essa incerteza mina a confiança no mercado e ameaça a reputação internacional dos carros “Made in China”.

A pressão por corte de custos também levanta dúvidas sobre a qualidade e segurança dos veículos entregues.

A tentativa de exportar o excedente de produção enfrenta barreiras geopolíticas. Os Estados Unidos estão praticamente fechados para os elétricos chineses. Japão e Coreia do Sul devem seguir o mesmo caminho.

byd seal 06 travel 1
byd seal 06 travel 1

A Rússia, que foi o maior mercado de exportação em 2023, já não oferece a mesma estabilidade. E o sudeste asiático perdeu o apelo estratégico que tinha até pouco tempo.

Em meio ao caos, analistas como John Murphy, do Bank of America, alertam para uma inevitável consolidação em massa. Marcas pequenas e frágeis serão engolidas ou desaparecerão.

O próprio Murphy aconselha que montadoras dos EUA, exceto a Tesla, abandonem o mercado chinês, que segundo ele está se tornando arriscado demais.

Para o consumidor final, os descontos parecem uma boa notícia, mas escondem um problema muito maior.

A crise no setor automotivo chinês não é apenas sobre preços baixos. É uma disputa por sobrevivência que pode redefinir o futuro da mobilidade elétrica no país — e no mundo.



Quer receber todas as nossas notícias em tempo real?
Acesse nossos exclusivos: Canal do Whatsapp e Canal do Telegram!
formulario noticias por email

O que você achou disso?

Toque nas estrelas!

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



noticias
Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.